Uma oportunidade destas é um verdadeiro privilégio!
2018 foi o Ano Europeu do Património Cultural, tendo ocorrido eventos que procuravam destacar vários aspetos do património cultural europeu. Também na minha faculdade (FCT NOVA) foram organizadas actividades relacionadas com o património. No final de novembro participei numa delas, Conversas sobre o Património, organizada pelo Departamento de Conservação e Restauro e pela Biblioteca.
Muitas apresentações interessantes, mas a última, do Prof. Virgílio Loureiro, intitulada “Vinho, símbolo civilizacional ou apenas “copos”?” , foi a que mais me marcou. Tenho a sorte de já ter tido muitas oportunidades de ouvir o Prof. Virgílio Loureiro falar sobre vinhos. A forma como o faz, e a paixão que transparece, faz com que sejam momentos de grande interesse e aprendizagem, em que não se dá pelo tempo passar. Foi mais uma vez o caso. Ouvi-lo falar sobre vinhas e processos de produção de vinhos, apresentados num contexto histórico e geográfico, comparando as suas características com as de outras épocas e outras regiões foi muito interessante.
Sabia do interesse do Prof. Virgílio pelos vinhos de talha, nunca tinha ouvido falar de lagares rupestres, lagares escavados no granito, que ainda são visíveis no Dão e também em Valpaços, no concelho de Vila Real.
Se a apresentação do Prof. Virgílio Loureiro já tinha sido fascinante, ainda foi mais o facto de no final ter tido oportunidade de provar alguns vinhos com a sua orientação.
Entre outros, pudemos provar um vinho de talha alentejano - Piteira - feito segundo o processo de vinificação das villae romanas, que tem mais de dois mil anos de tradição no Alentejo, sendo ainda muito apreciado nalguns locais.
Muito marcante foi a oportunidade, possivelmente única, de provar o Calcatorium, um vinho de lagar rupestre, obtido recorrendo à extracção do mosto de uvas brancas e tintas num lagar escavado na rocha a céu aberto, com pisa a pé, seguindo o método de produção da época do lagar, em que a fermentação ocorreu numa pipa de madeira. O vinho foi produzido em 2016 para o 1º Simpósio Ibérico sobre Lagares Rupestres.
Uma oportunidade destas é um verdadeiro privilégio!