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05
Jul20

Uma ligação improvável inspirou o almoço de hoje

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Há ligações absolutamente improváveis que nos mudam a vida! Ontem, estava a dar uma vista de olhos pelo jornal, e li a notícia da prisão da Ghislaine Maxwell. É verdade que nunca me cruzei com ela, de facto nem com ela nem com alguém da família dela. No entanto, uma decisão do Pai dela mudou drasticamente a vida da minha família. Enriqueceu-nos muito, mudou as nossas vidas para melhor.

 

Mandei uma mensagem às minhas filhas em que dizia "Conseguem estabelecer alguma ligação (ainda que bastante remota) entre a Ghislaine Maxwell e a vossa vida?". Passado 5 minutos elas telefonaram, uma dizia "Não tinha feito nenhuma ligação, mas quando perguntaste percebi que se não fosse a família dela possivelmente nem sequer vivíamos em Inglaterra agora, tínhamos tido vidas bem diferentes...". Disse-lhes que durante mais de 15 anos tive uma fotografia do Pai dela no quadro que tinha em frente da minha secretária. Uma delas disse "Por isso quando ontem vi uma foto dele achei aquela cara muito familiar. Mas porque é que tinhas uma foto dele na secretária?". Pu-la lá depois dele ter morrido, uma morte meio misteriosa, e com alguns escândalos em seguida... Nessa altura, também ao ler as notícias, tomei consciência que ligações muito improváveis nos mudam a vida. E aquele homem tinha mudado a minha.

 

No final dos anos 1980 o Robert Maxwell deu um grande financiamento a uma universidade em Inglaterra para a criação do Institute for Computer Applications in Molecular Sciences, a que foi dado o nome dele. Por coincidência, à frente desse projeto estava um Professor dessa universidade com quem trabalhei durante o doutoramento. Convidou-me para ir para lá trabalhar um ano. E assim foi durante o ano letivo de 1990/1991. Fui das primeiras pessoas a chegar, era tudo novo, o espaço, a equipa e os projetos. No final de 1991, três meses depois de eu ter regressado o Robert Maxwell morreu, o dito instituto como tal durou apenas mais uns anos, mas alguns dos projetos continuam até hoje.

 

A experiência de trabalho foi interessante e importante. Mas interessante também foi termos chegado a um país novo, com duas crianças que não falavam inglês, para uma vida completamente diferente. Lembro-me que também achei um desafio ter uma cozinha em que não havia nada, nem sal, e tudo teria que ser comprado de novo, dando assim oportunidade a muitas experiências.

 

Durante um ano vivi no primeiro andar desta casa. As duas janelas da esquerda eram as da sala e a da direita, por cima da porta, do escritório.

 

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Acho que foi um ano que nos marcou muito, permitiu novas experiências, alargou horizontes... As duas crianças que não falavam inglês saíram de lá com um inglês perfeito. Diziam os meus colegas que não era possível, ao ouvi-las falar, perceber que não eram crianças inglesas. Esse ano e essas experiências criaram-lhes uma ligação grande àquele país e, portanto, ir para lá estudar e trabalhar foi uma escolha natural. Não fosse o financiamento dado àquela universidade pelo Robert Maxwell e tudo seria provavelmente muito diferente.

 

Depois de falar com elas, fiquei algum tempo a recordar aquela época, estive depois a "googlar" para descobrir o que era feito de alguns dos meus colegas com que tinha uma relação mais próxima. De alguns foi fácil encontrar informações, de outros difícil, e de outros impossível.

 

Lembrei-me das visitas da família do Ali, que morava perto e eu levava todos os dias para a escola com as minhas filhas, e dos pastéis e doces que nos levavam em agradecimento. Lembrei-me de alguns restaurantes a que ia, mas sobretudo de um pub perto da universidade, onde de vez em quando ia o grupo de trabalho todo à hora de almoço e que tinha uns Yorkshire Puddings gigantes, do tamanho do prato, servidos com Onion Gravy (também havia a versão com carne). Lembrei-me de um pub, o Whitelock's, num beco estreito, construído em meados do século XVIII e com aquele ambiente bem característico dos pubs ingleses, onde os assados vinham sempre com um Yorkshire Pudding.  

 

Hoje acordei com vontade de comer um Yorkshire Pudding com Onion Gravy. Tentei convencer-me de que, com o calor que está, não era o dia ideal para acender o forno, mas era irresistível... E valeu a pena, os Yorkshire Puddings ficaram lindos e apetitosos! E é sempre fascinante ver umas colheres de uma massa líquida transformarem-se desta forma...

 

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