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Assins & Assados

Assins & Assados

26
Jan24

O Lapsang Souchong merecia uma oportunidade!

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Há dias estava a dar uma vista de olhos ao The Guardian e saltou-me à vista um artigo - "It took me 30 years to learn to love lapsang souchong – but now it’s all gone horribly wrong" de  Adrian Chiles. No cesto onde tenho os chás que estou a beber tinha, há muito, uma embalagem de lapsang souchong. Tenho uma subscrição mensal de chás e no dito cesto há sempre pelo menos um chá verde, um oolong e um preto, por vezes outros. Chás que vou bebendo consoante o dia, a hora, a disposição e o que me apetece no momento. Numa das caixas tinha vindo um lapsang souchong, que lá pus para "um dia" beber, quando o chegasse o momento oportuno. Os outros iam terminando e sendo substituídos, o lapsang souchong continuava fechado... 

Diz Adrian Chiles no artigo:

You never get over your first encounter with lapsang souchong. The stuff’s incredible, and not necessarily in a good way. The name, so satisfyingly singsong to say, is rich with promise, but when you first go nose to nose with it you can only imagine there’s been a dreadful mistake. It’s like it’s made from the bark of trees that have narrowly survived forest fires. Drink this? You must be joking!

Era mais ou menos esta a razão para aquele chá estar ali há tanto tempo à espera de oportunidade. Gosto de alguns fumados, se o aroma não for muito forte, mas não sou particularmente fã do aroma a fumo. E num chá...

Já tinha bebido uma ou outra chávena de lapsang souchong que, sinceramente, não me conquistou. Não eram certamente bons lapsang souchong... É verdade que o mais recente até era de saquetas, daqueles que o Adrian Chiles bebe. Devia dar-lhe mais uma oportunidade! Até porque não gosto de não gostar de comidas e de algumas bebidas (há umas que não são para mim). Também acredito que o paladar se educa. Não sou tão persistente como o autor do artigo (30 anos!!!), mas as oportunidades que dei ao lapsang souchong não foram muitas. E havia razões de peso para lhe dar mais oportunidades, as mesmas que o levaram a aprender a gostar deste chá:

And yet, and yet. There was something about it that had me intrigued as much as repelled. I mean, someone had plainly gone to a lot of trouble to get it into this state, and their efforts were surely worth honouring. I resolved to learn to love it, or like it, or at least endure it.

Parte de mim não tinha qualquer vontade de abrir o pacote. Mas outra parte sentia alguma atração e sabia que o chá que ali tinha era de qualidade. O que li sobre ele no site da Curious Tea (a empresa com quem tenho a subscrição) despertava-me a curiosidade, conferia uma componente emocional aquele chá e criava expetativas, que tinha medo que fossem destruídas pela realidade.

Lao Cong Lapsang Souchong (老枞小种) is an exquisite traditionally smoked tea that is picked from old native Qizhong tea bushes that are around 100 years old. These grow wild at an altitude of about 1,000 metres around Tongmuguan, Wuyi Shan in Fujian Province of China; the reputed birthplace of black tea. Carefully hand picked and hand processed, it is smoked in a traditional local smoke house over natural pine wood. 

[...]

It produces a bright and clear liquor with a light amber colour. The aroma is definitely smoky, but also quite fruity, akin to smoked prunes. The elegant flavour is finely balanced, with no flavour being overpowering. Nothing like a cheap version where the only thing you can taste is smoke and tar!  The profile is definitely smoky but it has quite pronounced fruity notes of prunes and plenty of honeyed sweetness. The aftertaste is lasting, with more sweet smoky flavour returning. It is an evocative tea, bringing images of campfires and walking through a forest of a warm and sunny autumn day with the smell of smoke from a nearby fireplace in the air.

O tempo ia passando... e não fosse o artigo do The Guardian, o pacote ainda estava fechado. Mas já não está!

 

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Se gostei? Até gostei! Não beberia todos os dias, mas se fosse agora não ficaria fechado tanto tempo. Reconheço que tem uma qualidade diferente do que tinha experimentado antes. Reconheço também que a realidade não destruiu as expetativas.

O fumo estava lá bem presente, mas sem ser excessivo. Tinha uma grande complexidade de aromas. Não identifiquei ameixas fumadas, que nunca comi, nem sequer ameixas. Mas havia algo frutado e uma levíssima doçura no final, não de açúcar, mais complexa, eventualmente de mel como é referido nas notas de prova.

Fiquei com vontade de aprender a gostar e de dar mais oportunidades aos lapsang souchong (dos bons...). Um próximo não ficará tanto tempo por abrir.

 

 

22
Jan24

Porque preciso de repensar tudo e arrumar ideias...

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Foi há cerca de 8 anos que escrevi o primeiro post deste blog. Houve épocas em que escrevi frequentemente (inicialmente), outras menos (nos últimos anos).  Este é o 798º post, uma boa média - um post cada 3,7 dias. Escrevi mesmo muito no início...

No primeiro post dizia:  

Há dez anos, quando comecei a escrever, o mundo era outro. Mudou muito entretanto, de forma que nunca imaginei... O mundo da gastronomia também mudou bastante. Aliás, tem sido uma revolução constante...  E eu também mudei, porque há Assins & Assados que marcam os dias e nos vão mudando.

Nem imaginava o que aí vinha nos oito anos seguintes... 

 

Na altura dizia:

[...] cada vez tenho menos certezas e posições bem definidas. E com a mudança que tem ocorrido no mundo, na gastronomia, na vida... acho que preciso de pensar, de reflectir, de descobrir o que sinto. De certa forma preciso de repensar tudo. Escrever ajuda a aprofundar e arrumar ideias. 

Hoje estou precisamente na mesma situação... 

Acho que preciso mesmo de continuar a escrever... para repensar tudo e arrumar ideias...

 

18
Set23

Voltando ao assunto da gorjeta /gratificação

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A gorjeta... um assunto que tem causado alguma polémica recentemente, devido à sua inclusão na conta nalguns restaurantes. Um assunto que há muito me causa algum desconforto. Há sete anos escrevi aqui sobre isso - O dilema da gorjeta... - e a minha posição mantém-se basicamente a mesma.

Se por um lado, pelas razões que referi na altura, me sinto desconfortável a deixar gorjeta, por outro lado, como alguém dizia nos comentários do post de há sete anos, aparentemente alguns empresários da restauração definem os vencimentos dos funcionários tendo em conta uma estimativa das gratificações que estes receberão. Sendo assim, não dar também não me deixa confortável

Há muito anos que incluir o valor da gratificação na conta é uma situação relativamente comum no UK, em geral 10%, noutros casos 12,5%, mais raramente menos. A informação está no menu, onde é também dito que o pagamento é opcional. Por vezes há algumas variações, por exemplo, alguns restaurantes só o fazem para grupos com 6 ou mais pessoas. Só uma vez disse que não pagava, e já foi há quase 13 anos, pois o serviço tinha sido desastroso e acabei a refeição com os nervos em franja.

Recentemente em Portugal alguns restaurantes começaram a fazer o mesmo. Nas contas em que me apareceu essa parcela, o valor sugerido era em geral 5%, um valor bastante razoável, e sempre me informaram que o pagamento era opcional. Sei, contudo, que tem causado muita polémica, que há quem não goste, quem o sinta como uma provocação. Pessoalmente não me importo, até prefiro, pois deixa-me muito menos desconfortável e não tenho que decidir nada. É o valor que aparece na conta, que acredito ter sido pensado para que o valor recebido no final do mês seja mais justo, é o valor que pago. 

Ainda tem outra vantagem. Por vezes até gostaria de deixar gratificação, mas não dá para incluir quando do pagamento com cartão, não tenho dinheiro trocado, e acabo por não deixar. Com o valor incluído na conta, fica tudo resolvido! Aliás, já me tenho questionado se o valor da gratificações não baixou com o hábito de pagar com cartão. Se não deixou de haver o arredondar da conta habitual.

Dado que esta inclusão na conta, não acontece em cafés, restaurantes mais pequenos, ou com preços mais baixos, e como o pagamento com cartão é cada vez mais comum têm que se arranjar outras formas de ultrapassar a situação. Vejo, por vezes, em cima dos balcões um recipiente para se deixar as gratificações, mas acredito que, tal como me acontece, frequentemente os clientes não tenham dinheiro trocado e, portanto, pode não ser a solução. 

Se os pagamentos são com cartão, só se resolve o assunto com o pagamento da gratificação com cartão... Por isso, achei interessante ver há dia, num café, um equipamento - TAP TO TIP da empresa TIPJAR, para o fazer. Nunca tinha visto, e nunca mais voltei a ver, mas acho que seria lógico que se generalizasse.

Junto à caixa estava um pequeno ecrã, onde se podia marcar o valor da gratificação que se pretendia dar e onde se passava o cartão bancário.

 

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A verdade é que os hábitos mudam, as formas de pagamento também, e a adaptação é importante. Assim, enquanto os preços não incluírem o pagamento de salários justos e se contar com a gratificação, há que arranjar forma de a dar, e de o fazer de modo que seja confortável para quem dá e para quem recebe (no post que escrevi há sete anos, nos comentários, algumas pessoas que trabalhavam na restauração diziam que também não se sentiam confortáveis a receber as gratificações). Enquanto não houver melhores soluções, incluir as gratificações nas conta, ou equipamentos como estes para deixar gratificações com cartão, parecem-me as melhores sugestões para todos.

 

05
Ago23

Mais nonsense numa manhã é difícil...

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Planeei este sábado, 5 de agosto, sair de manhã e ir a uma outra terra, aqui perto, tomar o pequeno almoço e comprar bom pão, manteiga e queijo. Planeava ainda dar um passeio pelo parque e sentar-me a ler. Planeava... quando acordei fui ver a previsão do tempo - máxima de 14ºC, chuva todo o dia. Desisti da ideia.

Mantive o plano do pequeno almoço fora, só que passou para o café da esquina, cujos donos são iranianos. Cheguei, um ambiente calmo, só uma mesa ocupada, junto à porta, com duas amigas bebendo café e pondo a conversa em dia. Entrei, sentei-me e pedi um pequeno almoço persa e um pistácio latte (primeira foto).

Até esse momento o nonsense resumia-se à temperatura máxima de 14ºC e chuvinha persistente no início de agosto, um verdadeiro dia de inverno. A partir da altura em que chegou o pequeno almoço, que experimentava pela primeira vez e era simpático, aconteceu uma enxurrada de situações de completo nonsense...

Entra um homem, pelos 70 e muitos, vem a puxar uma pequena mala de viagem, coberta com um saco de plástico, dos pretos para o lixo (compreensível com a chuva). Dá dois dedos de conversa com o dono do café. Não ouvi o que disseram, mas fiquei com a sensação de que era frequentador habitual. Depois, junto à mesa onde estavam as duas amigas a conversar, abre a mala e tira uma extensão que liga à ficha por detrás da mesa delas. Debruça-se sobre elas para passar o fio da extensão por detrás da mesa, junto à parede. Vai dizendo que não as quer incomodar, elas, simpáticas, dizem que não incomoda nada.

Vai depois buscar outra extensão, põe-se de cócoras quase encostado a uma delas para a ligar à primeira extensão. Sempre a dizer que não as quer incomodar, ela dizem que tudo bem. É mais que óbvio que as está a incomodar... Passa o fio da segunda extensão para fora, para a esplanada, que é coberta. Deixa de ser possível fechar bem a porta. Estão 12ºC lá fora e muito desagradável. Ele diz que não as quer incomodar, elas dizem que está tudo bem e que vão mudar de mesa. Mudam para outra mesa afastada da porta e da mala do homem.

Ele continua no corrupio de entrar e sair. Finalmente leva a mala lá para fora. Junta duas mesas da esplanada e cobre-as com umas toalhas de mesa pretas que tinha na mala. Tira o computador e uma coluna com uns 30x20x15 cm. Liga música bem alto e fica a fazer qualquer coisa no computador e falando com quem passa perto. Passados uns minutos vem cá dentro e pede a dois homens (que eventualmente conhecia) para irem lá para fora porque ele tinha que ir a casa e só demorava uns 20 minutos. As instruções eram que se alguém tocasse no computador que chamasem a dona do café. 

Entra então um rapaz com ar triste, senta-se, pede duas Coca-Colas, bebe-as em menos de cinco minutos e sai.  Entretanto tinham entrado mais 3 ou 4 pessoas, por incrível que pareça, com um comportamento normal...

Tento ler o livro Red Sauce Brown Sauce - A British Breakfast Odyssey da Felicity Cloake. Em que ela relata uma viagem na Grã Bretanha, de região em região, comentando a peculiaridades dos pequenos almoços tradicionais e visitando alguns produtores. O capítulo que ia começar era sobre Baked Beans, uma componente essencial do pequeno almoço tradicional para 71% dos britânicos. A ideia da autora era visitar a fábrica da Heinz no Reino Unido, mas por restrições devido à pandemia na época em que escreveu, não o pode fazer. Substituiu pelo Baked Beans Museum em Port Talbot (numa casa particular). Só visto...

 

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Acabei o capítulo, na esplanada a música continuava alta, o homem continuava de chapéu e casaco a fazer qualquer coisa no computador, continuava a chover ininterruptamente. Vim para casa, mas antes passei pelo café do outro lado da rua e comprei um pastel de nata para comer com um chá, enquanto, de casaco de malha e tapada com uma manta, escrevo isto.

Mais nonsense numa manhã é difícil...

 

2ª foto DAQUI

24
Abr23

É um coelho? É um pato? É o The Chocolate Dabbit!

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Um pato? Um coelho? Ambos? Esta imagem ambígua surgiu pela primeira vez na revista de humor alemã Fliegende Blatter, publicada em Munique em Outubro de 1892.  Foi uma das imagens usadas pelo psicólogo americano Joseph Jastrtow, em 1899,  para mostrar que a perceção não é apenas um produto do estímulo, mas também da atividade mental, ou seja, que vemos tanto com a mente como com os olhos.  Aparentemente, Jastrow relacionou a rapidez com que uma pessoa muda a sua percepção do desenho e alterna entre os dois animais, com a rapidez de funcionamento do seu cérebro e a sua criatividade.

Sendo uma imagem ambígua, a perceção depende das expetativas, da experiência de vida e da forma como a atenção está focada no momento. Outros estudos demonstraram que consoante a época do ano as pessoas percecionavam a imagem de uma forma diferente, na Páscoa predominantemente como um coelho, em outubro como um pato. 

Um chocolate com esta imagem  - The Chocolate Dabbit - foi desenvolvido por Heston Blumenthal para a cadeia de supermercados Waitrose.

 

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Chocolate negro recheado com chocolate branco com açúcar caramelizado e sal.

 

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Vi o The Chocolate Dabbit e achei de imediato que reflectia a abordagem de Heston Blumenthal à cozinha, em que expetativas e memórias são muito conscientemente usadas para modelar a experiência pessoal de cada um, e um prato é sempre muito mais do que o estímulo físico. Estava também relacionado com o conceito de Gastronomia Quântica criado e difundido por Blumenthal, que o define como a prática ou arte de escolher, cozinhar e comer com uma perspectiva quântica (uma coisa pode existir no mínimo em dois estados diferentes ao mesmo tempo). Ou seja, basicamente significa que tudo pode ser visto de um número infinito de maneiras e o que experimentamos é determinado pela perspectiva que escolhemos, pelo momento que vivemos...  Além disto, uma forma cuja perceção é associada à criatividade, tem também tudo a ver com o trabalho do Heston Blumenthal.

Comprei-o porque assim que vi o The Chocolate Dabbit fiz todas estas associações, porque queria prová-lo, e também por ser o último produto criado por Heston Blumenthal e a sua equipa para a Waitrose. Uma longa parceria que durou 12 anos e terminou com este produto. Uma das razões apontada por alguns foi a imprevisibilidade de Blumenthal, ao que ele reagiu dizendo "Unpredictable to me is a Nonlinear Process that turns to Creativity".

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Habituei-me nos últimos 12 anos a sempre que ia a um supermercado Waitrose trazer um dos produtos criados por Heston Blumenthal. Eram bons e aquelas embalagens eram irresistíveis!  Um hábito que terminou com o The Chocolate Dabbit, um produto cheio de significado.

 

 

06
Abr23

O poder das nossas escolhas

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Encontrei esta senhora no fim de semana passado no M Shed em Bristol, o museu sobre a história da cidade e de pessoas que lá vivem ou viveram. Mary Anne Galton, estava lá devido ao seu papel na luta contra a escravatura. Quando tinha cerca de 12 anos, depois de saber que a produção de açúcar envolvia trabalho de escravos, deixou de o comer. Esta escolha, que envolvia sacrifício pessoal e que foi razão para a ridicularizarem e insultarem, foi uma forma de afirmar os seus princípios e de protestar contra o comércio de escravos. Quando foi viver para Bristol, em 1829, filiou-se na Clifton Female Anti-Slavery Society e convenceu muitas outras pessoas a protestarem da mesma forma e, em 1833, quando da abolição da escravatura, havia mais de 300 mil pessoas que tinham deixado de comer açúcar.

A minha filha mais nova estava a explicar isto o meu neto e disse-lhe: "Estás a ver, com a nossa carteira e a forma como gastamos o nosso dinheiro podemos protestar e mudar a coisas. É por essa razão que não compro nada que não seja vegano."

Hoje estava a dar uma vista de olhos a outros blogs e ao ler o post de Pedro Correia, Trocar o Real pelo Digital, no Delito de Opinião lembrei-me desta conversa, mas também de como tenho sentido cada vez mais a necessidade de comprar no comércio local, de evitar o online, sobretudo das grandes plataformas (para pequenas empresas pode ser a única forma de sobreviverem). Mas o comodismo por vezes troca-me as voltas... Contudo, no bairro onde vivo muitas das lojas lembram-me isso diariamente com letreiros que dizem qualquer coisa como Shop Local - Use it or Lose it! . E tenho visto perderem-se muitas...

Lembrei-me também de que há cerca de um ano, encomendámos o jantar. Fomos seguindo o percurso do estafeta que o ia entregar, ouvimo-lo chegar... e depois de ouvir um ruído junto à porta, ouvimo-lo partir sem bater. Ao abrir a porta, deparámo-nos com o nosso suposto jantar:

 

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É verdade que com um telefonema a expor a situação minutos depois o pagamento tinha sido reposto na conta, mas também é verdade que nunca mais pedi comida para ser entregue. Já antes me sentia desconfortável com as altas taxas cobradas aos restaurantes pelas grandes plataforma e com a situação precária de quem entrega. Esta foi a gota de água. Algo correu mal, a comida possivelmente foi mal acondicionada ou mal arrumada para a viagem, o saco de papel ficou molhado e tudo caiu no chão. Inútil seria criticar a falta de brio do estafeta. Os problemas são outros, bastante mais complexos...

 

 

 

23
Dez22

Um Calendário do Advento e muito Divertimento

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O Natal está quase aí. Houve alturas em que para mim tinha uma magia especial... Agora por vezes apetecia-me senti-la, mas... nem sempre consigo.

Para ajudar a criar alguma expetativa neste período natalício, este ano resolvi comprar um calendário do advento para mim. Não, não é daqueles habituais com uns chocolatinhos. Este permite-me novas experiências e aprender mais.

Não bebia café, mas durante o confinamento descobri o café de especialidade. Desde aí continuei a experimentar novos cafés e a ampliar cada vez mais as experiências. Até fiz um curso para aprender a fazer o café em casa como deve ser. 

 

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Comparei lado a lado o mesmo café feito com uma French Press, uma Aeropress e uma V60. O último método é o meu preferido. Alterno cafés de diferentes marcas, e abrir um novo pacote é sempre uma descoberta. Quando vi este calendário do advento, uma caixa com 25 pacotes com 20 g de café cada, todos diferentes, achei que era mesmo o que eu precisava para adicionar uma camada extra de magia ao Natal.

 

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Cafés de especialidade de 7 países diferentes, 4 edições limitadas, 14 micro-lotes. Os dois últimos serão estes, e dizem que o de 25 é muito especial. 

 

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Cada um tem informação sobre os seus produtores, o método de produção e notas de prova.

 

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Comprei duas caixas, uma para mim, outra para uma das minhas filhas que me tem acompanhado nesta descoberta do mundo do café. Trocamos sempre impressões sobre o café do dia. 

Tem sido um divertimento muito formativo. Experimentar 25 cafés diferentes em 25 dias é fantástico! Uma experiência única, que de outra forma seria impossível.

 

Desejo-vos um Bom Natal!

 

 

15
Dez22

Um tipo de cogumelo, uma infinidade de sabores e texturas. 

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O post anterior, e sobretudo os cogumelos eryngii (que em português penso que se chamam cogumelos do cardo), lembraram-me outros usos destes cogumelos. Recordei em particular dois elementos da tábua de petiscos portugueses que comi há uns meses no restaurante vegano Ao 26 (de que aqui já falei há alguns anos, e que recentemente mudou de localização).

Entre os vários petiscos disponíveis há um "choco" frito e uma salada de "polvo". Sendo o restaurante vegano, não há ali nem choco, nem polvo, sendo usado em alternativa este cogumelo. A textura, nos dois casos, é muito agradável e reproduz bem a dos pratos originais. Para quem escolheu não comer produtos de origem animal, estes pratos permitem matar saudades destes petiscos.

Gostei tanto da salada de "polvo", que experimentei fazer a minha própria versão. Curiosamente, aqui em Inglaterra, encontro com muita facilidade estes cogumelos nos supermercados orientais. Assim, frequentemente esta salada tem lugar à mesa quando a refeição é vegana. Mas mesmo que não fosse, haveria lugar para ela, pois é muito boa.

 

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Também os uso para imitar carne. Com um garfo desfio-os, tempero-os com óleo, molho de soja e especiarias  e levo ao forno para secarem um pouco. Depois podem ter várias utilizações, salteados com vegetais, para recheio de tacos ou mesmo de sanduíches. Um processo semelhante ao que é descrito aqui (de onde tirei a imagem seguinte).

 

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Um tipo de cogumelo, uma infinidade de sabores e texturas. 

 

12
Nov22

Surpresas, coincidências e uma entrevista para o Mesa Marcada

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Eu gosto do número 5, e por vezes faço as coisas de modo que a haja um 5 qualquer envolvido. Não foi o caso desta vez. Foi mesmo uma coincidência de que só tomei consciência depois dos factos consumados. Mas 5 anos, 5 meses e quase 5 dias (foram 3 dias, quase, quase 5...) depois de me terem entrevistado para o Menu de Interrogação (2017) do Mesa Marcada, o Duarte Calvão e o Miguel Pires convidaram-me para uma segunda entrevista para o Menu de Interrogação.

O convite foi uma (boa) surpresa, numa semana de muitas surpresas. Deixou-me muito contente. Diverti-me muito a responder,n uma longa noitada, até de madrugada, mas valeu a pena. Obrigada Miguel e Duarte!

Quase por coincidência (esta forcei-a ligeiramente), exatamente 5 anos e 5 meses depois de ter escrito um post a falar da primeira entrevista, estou a escrever um sobre a segunda!

Tanta coincidência só pode dar sorte!

 

 

10
Out22

O que eu sempre tinha precisado... e nem sabia que existia

 

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Gosto de torradas, mas tinha um problema. As torradeiras estão dimensionadas para fatias de pão de forma e eu raramente uso pão de forma. As fatias que torro são, por vezes, relativamente pequenas e tirá-las da torradeira era um problema! Muitas vezes queimei os dedos. Tentava fazê-las saltar e apanhá-las no ar, mas nem sempre resultava. Por vezes ficavam mesmo presas. Uma vez, sem pensar, tentei tirar com um garfo, mas ele tocou onde não devia e o quadro saltou. A minha solução era ter um garfo de plástico perto da torradeira para me auxiliar a remover torradas difíceis. O garfo ia derretendo e eu odiava o processo. Tão deselegante!

Imaginem como fiquei há tempos quando, a folhear um catálogo de coisas para casa, encontrei Toast Tongs:

 

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Que felicidade! Era o que eu sempre tinha precisado e nem sabia que existia. Comprei logo! Não uma, mas duas, já que neste momento ando entre duas casas. São lindas! Não fazem o quadro saltar, não derretem, poupam-me os dedos e o sistema nervoso (por vezes era tão irritante tirar as torradas que resistiam). Encontrei uma forma elegante de resolver o meu problema. Até têm um magnete e estão sempre ali à mão, junto à torradeira, nunca tenho que as procurar.

Como é que eu levei tantos anos a descobrir que estas pinças existiam? Mas o importante é que agora tenho o problema resolvido, e com menos de quatro euros a minha vida mudou.

 

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