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Assins & Assados

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19
Mar24

Técnica de prova de cafés - Conhecer mais para melhor apreciar

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Frequentemente não damos muita atenção ao que consumimos, poucas vezes temos oportunidade de comparar vários produtos e tentar caracterizar cada um. Para saber mais sobre café, uma bebida que consumo há pouco tempo,  há muito que tentava marcar uma sessão de prova de cafés. Nesta zona, só encontrei uma torrefação em Birmingham, a Quarter Horse Coffee, que organizava periodicamente essas sessões. Durante quase dois anos só o faziam durante a semana, em horário de trabalho, impossível para quem me acompanharia. Recentemente começaram a organizar sessões de prova aos fins de semana e nos primeiros dias deste mês, no início de uma manhã de sábado, tive finalmente a oportunidade de poder participar numa destas sessões que decorreu na sala de provas da torrefação, num armazém no Jewellery Quarter em Birmingham.

Éramos quatro curiosos sobre café e sobre as técnicas de prova usadas. Depois de uma breve passagem pela zona onde torram os cafés, durante a qual nos explicaram o processo e nos mostraram o equipamento usado, entrámos numa sala onde sobre uma mesa estava tudo a postos para aprendermos e nos divertirmos nas duas horas seguintes. Tínhamos seis cafés da Quarter Horse Coffee, mais dois da concorrência - um muito bom e com um perfil de aromas pouco comum (maravilhoso), outro que ficaria no lado oposto do espectro, muito torrado e amargo (apesar de admitir que agradaria a alguns consumidores, eu não o beberia...).

Começámos por moer os cafés e prepará-los para a prova (seguindo a técnica aqui descrita em detalhe: A Step-by-Step Guide to Cupping Coffee).

 

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Cheirámos,  tentámos identificar o tipo de aroma dos vários cafés, com a ajuda de uma colher de prova sorvemos ruidosamente e repetidamente cada um dos cafés, tentámos identificar aromas e sabores, e caracterizar cada um com a ajuda de uma roda de aromas.

 

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Depois de várias tentativas, e em grupo, fomos criando um perfil de aromas para cada um. No final comparámos com as notas de prova.

 

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Um exercício interessante e divertido. Não saímos de lá provadores, mas com a noção de como é difícil, também com um melhor conhecimento da técnicas usadas e do processo, e com 250 g de um dos cafés provados.

Já tinha participado em sessões de prova deste tipo de vinhos, azeites, queijos e chocolates. Experiências muito enriquecedoras, em que se aprende muito e que nos fazem olhar para cada um destes produtos de forma diferente, e compreender melhor como apreciar cada um deles. As técnicas usadas variam muito de uns produtos para outros. Fica sempre a curiosidade de como foram definidas e como foi a sua evolução. 

 

3ª Foto DAQUI

02
Mar24

Há dias com sorte! E o black pudding era muito bom.

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Está frio por aqui e uma chuvinha miúda constante... No últimos tempos tenho tido muito que ler (e não é lazer)... Acordei, apetecia-me um dia diferente, e pensei: "faça chuva ou sol, vou-me meter num autocarro e vou a Leamington Spa". A viagem demora cerca de 50 minutos. Se chovesse muito, iria a dois ou três sítios de que gosto, almoçava e regressava. Sempre tinha quase  duas horas de passeio de autocarro. Quando cheguei não chovia, aproveitei e fui logo à loja da Aubrey Allen.

 

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É sempre uma paragem obrigatória. Nem que seja apenas para "lavar os olhos" (como diz o meu amigo João). "Lavar os olhos" faz bem... e também comemos com eles. Mas, desta vez, até trouxe duas coisas. Pequenas, mas que me têm sabido muito bem, uma deliciosa manteiga e um black pudding.

 

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Nem queria acreditar quando olhei para a prateleira refrigerada e o vi - um Black Pudding da Fruit Pig Butchery em East Anglia. Tinha lido sobre ele há uns meses, no livro Red Sauce, Brown Sauce - A British Breakfast Odyssey da Felicity Cloake. Aparentemente é o único black pudding neste país que ainda é feito com sangue de porco fresco e não com sangue seco (que é mais fácil de adquirir). Isso estava bem indicado no rótulo:

 

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Sangue fresco de porcos locais (28%), Gordura de porcos Britânicos (24%), Aveia e Cevada Britânicas, Cebolas, Sal e Especiarias.

Não tenho grande conhecimento, nem muitos termos de comparação, para o black pudding, mas ela dizia que era diferente de todos os outros. Para o descrever usava adjetivos como " rich and creamy, luxurious, full and round in the mouth". Com isto esperava uma textura cremosa e um sabor forte, mas bem balanceado. 

No dia seguinte de manhã também chovia, e estava frio. Para o pequeno almoço, pus umas fatias de black pudding na air-fryer, torrei duas fatias do melhor pão que tenho aqui (da Lily & Fox Bakery - ou seja, de um casal do meu bairro que trabalhava em cinema e tv e resolveu mudar de vida e fazer pão, neste momento vendem em feiras e pop-ups, mas penso (e espero ansiosamente) que vão abrir uma padaria na esquina da minha rua). Com muita expetativa provei o black pudding. Uma base cremosa, mas os grão dos cereais conferiam uma descontinuidade de textura bem agradável. O sabor... muito rico e forte, mas não agressivo, aromático e picante. Delicioso! Um sabor muito elegante que se prolonga na boca por muito, muito tempo! Um luxo!

Apesar de bem diferentes, fez-me lembrar as morcelas frescas, acabadas de fazer, que ainda não tinham ido ao fumeiro,  que íamos comer grelhadas a casa da minha Avó nos dias de matança de porcos na fábrica, ou que o meu Pai trazia para casa. Lembro-me de as ver fazer, de as ver cozer, de antecipar o sabor delas, um aroma forte a cominhos. Também cremosas, também com sangue. Diferentes, mas igualmente deliciosas. Um luxo!

Um dia pedi ao meu Pai que escrevesse umas notas sobre a fábrica, sobre a forma como funcionava. Há uns anos digitalizei tudo. Fui procurar, e lá estava a descrição da forma como faziam as morcelas.

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Ainda bem que fui a Leamington Spa, apesar da chuva e do frio. Permitiu descobri coisas novas e reviver memórias antigas.

 

18
Fev24

Queijo e vinhos ingleses e ainda a crise climática

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Vou ao Grace & James frequentemente. Por vezes ao fim da tarde para beber um copo de vinho, outras vezes para algumas provas de chocolates ou queijos e vinhos, muitas vezes para beber dos melhores cafés que conheço no Flock (um espaço independente dentro da loja) ou, de vez em quando, para comer um excelente ramen no Koba-Ko (um restaurante independente que agora ocupa o 1º andar). Vi o Grace & James abrir em 2018, um projeto interessante, que foi variando ao longo do tempo para se adaptar, e cedendo alguns espaços a outros negócios independentes.

 

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Recentemente estive lá numa interessante prova de queijos e vinhos ingleses.

 

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Extra Mature Red Leicester, Warwickshire / Sinodun Hill, Herefordshire / Edmund Tew, Kent / Stichelton, Nottinghamshire / Baron Bigod, Suffolk / Ashcombe, Gloucestershire (começando no laranja e no sentido dos ponteiros do relógio)

 

Queijos muito bons, uns originalmente ingleses, outros produzidos em Inglaterra, mas inspirados em queijos franceses (por exemplo o Baron Bigod é inspirado no Brie, ou o Ashcombe inspirado no Morbier). Com os queijos foram servidos seis vinhos, o espumante Sov'ran Imperial Cuvée produzido em Sussex com uvas Pinot Noir de Kent e Chardonnay de Sussex,  três vinhos da Astley Vineyard (Saint Vincent (que de facto não é um vinho, é produzido juntando água às cascas das uvas  e fermentando - um piquette) e os brancos Severn (um vinho seco de um blend de Bacchus, Madeleine Angevine e Siegerrebe) e Brigid (um vinho doce de Late Harvest Kerner)), um tinto, o Diamond Fields Pinot Noir da Davenport Vineyards em Sussex, e um rosé, o The Field Blend de Matt Gregory.

Uma experiência muito interessante, em que falámos dos produtos e produtores, métodos de produção de queijos e vinhos, da evolução dos vinhos ingleses que, em particular devido às alterações climáticas, vão sendo cada vez melhores, mas sendo ainda mais caros que vinhos do mesmo nível de outras proveniências. Os espumantes já atingiram um elevado nível de qualidade, li depois que nalgumas provas cegas já foram melhor avaliados dos que alguns champanhes, e os tintos são os que ainda têm níveis mais baixos de qualidade.

Foi referido o facto de alguns dos grande produtores de Champagne estarem a comprar terrenos em Inglaterra, pois com o aquecimento global o clima em França está a começar a ficar demasiado quente para cultivar as uvas para o champanhe e os franceses tiveram de começar a procurar locais alternativos com clima mais frio. Tanto o solo quanto o clima no sudeste da Inglaterra são bastante adequados para o cultivo das uvas que começam a ter mais dificuldade em produzir em França. Confirmei depois estas informações num artigo publicado o ano passado, em que se refere nomeadamente que o clima no sudeste de Inglaterra é idêntico ao de Champagne há 30 anos, tendo ainda essa região um solo calcário de boa drenagem que permite a produção de uvas para espumante. Diz-se ainda que a Pommery foi a primeira empresa a comprar terrenos em Inglaterra (40 hectares em 2016) para produzir uvas das castas mais usadas no champanhe, Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier. Esta empresa, inclusivamente, já  lançou um espumante inglês, considerando que usar a experiência secular de Champagne em Inglaterra lhes permitirá obter bons resultados.

Uns dias depois li um artigo (No more chocolate, coffee or wine? "Last supper" shows stakes of climate crisis) no The Guardian sobre jantares que têm sido feitos, em particular nos EUA, para sensibilizar para o efeito das alterações climática na nossa alimentação e na agricultura, mas também como os sistemas alimentares, um dos principais impulsionadores das alterações climáticas, podem ser adaptados para evitar os resultados mais extremos. Os pratos são confecionados com produtos comuns que em breve podem mudar drasticamente, tornar-se muito mais caros, ou mesmo desaparecer. Por exemplo, nos casos do vinho, café e chocolate, podem ocorrer grandes perdas nas colheitas apenas com um ligeiro aquecimento, tornando estes produtos raros e caros, e afectando assim não só a nossa qualidade de vida e identidade, como também os meios de subsistência e os modos de vida de muita gente. Pequenos declínios em produtos básicos podem originar choques económicos, maior insegurança alimentar, mudanças migratórias e conflitos.

Isto acontecerá num futuro bem próximo, por exemplo o café precisa de um clima estável, com noites frescas e dias quentes, e com um aquecimento de  2ºC até 2050, metade das regiões que cultivam café deixariam de ser adequadas. É também referido que se nada mudar, a produção de cacaueiro será eliminada até 2050.

Assuntos que dão que pensar, sobretudo porque a forma de nos alimentarmos é um aspeto profundamente enraizado e fundamental da nossa identidade e bem estar. Vai ser preciso libertarmo-nos de muitos preconceitos, e também muita abertura e criatividade para lidar com tudo isto, e para tal é essencial investir na investigação científica para produzir conhecimento e alternativas, e ainda na formação para transmitir conhecimento essencial para novas práticas alimentares.

 

2ª Foto DAQUI

 

 

03
Out23

Um café cold brew com nitro, que muito bem me soube num destes dias de calor

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Uff! Está calor por cá! Bebidas frescas são bem-vindas. E ontem soube-me muito bem um café Nitro Cold Brew. Um nome complicado para uma agradável bebida que não é fácil de encontrar.

O processo começa fazendo-se uma café cold brew, que por si só já é uma bebida refrescante e agradável. Embora, acredito, que não seja do agrado de todos os portugueses. Em Portugal bebe-se muito o café expresso, concentrado, quente, amargo, ácido e de sabor forte. Tudo o que um cold brew não é, pois é preparado apenas com água fria, o café (numa quantidade bem maior do que para a preparação de cafés a quente) fica em infusão muitas horas no frigorífico, e a bebida é fria (embora possa ser consumida a qualquer temperatura), diluída, pouco ácida e pouco amarga, e com um sabor menos forte. É uma bebida que demora várias horas a preparar (em geral 12 a 24 h),  e cujo resultado final é diferente de um normal café frio (iced coffee), em que se faz, por exemplo, um expresso e se deita sobre gelo que o vai diluir, mas resultando numa bebida fria mais ácida e amarga, mas também mais barata, pois usa-se uma quantidade muito menor de café moído para o mesmo volume final de bebida.

Falta falar do nitro... que vem de nitrogénio (ou azoto). O mesmo gás que é usado para gaseificar a cerveja Guiness. Muitas outras bebidas (por exemplo, água com gás, refrigerante e cervejas) são gaseificadas com dióxido de carbono, mas enquanto este confere alguma acidez à bebida e forma bolhas relativamente grandes, no caso de bebidas gaseificadas com nitrogénio as bolhas são muito menores, o que torna as bebidas mais cremosas.  Ora, um café nitro (ou com nitro, como por vezes é chamado) é um café gaseificado com nitrogénio obtendo-se uma bebida suave, cremosa e que até parece um pouco doce (embora o gás não dê sabor, 75% do ar que nos rodeia é nitrogénio e ele não sabe a nada). 

 

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O único local onde sei que há cafés com nitro em Lisboa (possivelmente há noutros, mas não conheço) é o Baobá Café de que aqui já falei. Foi lá que bebi há dias o meu nitro cold brew com um saboroso pão de queijo.  Mas têm outras opções de cafés gaseificados - nitro latte, nitro tonic e nitro lemonade. Noutra ocasião, num dia também bem quente, bebi lá a nitro lemonade, em que o café é misturado com limonada, que me soube muito bem.

Há muito para descobrir neste novo mundo dos cafés!

 

 

Baobá Café

Rua de S. Paulo 256, Lisboa

 

04
Abr23

As saudades de um bom pão proporcionaram-me muito mais do que um bom pão!

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A cidade onde estou não é um paraíso gastronómico, está muito longe de o ser. Arranja-se um pão aceitável, mas não mais do que isso. Andava com saudades de um bom pão e numa sexta-feira recente acordei com vontade de resolver esse assunto.

Sabia que a alguns quilómetro de distância havia uma padaria, The Bakery at Hampton Manor, fundada em 2021, que abria apenas de quinta a domingo das 9 às 12 horas. A responsável pela produção é uma jovem da Coreia do Sul,  Min Go, que depois de trabalhar alguns anos a escolher e comprar produtos para uma mercearia de alta qualidade na Coreia, decidiu vir para Inglaterra aprender a fazer pão e depois aperfeiçoou as suas competências em estágios na Dinamarca. Fui ver como lá chegava, bastavam uns 20 minutos de comboio e depois menos de 10 minutos a pé. Achei que era um bom plano para uma manhã de sexta-feira. Meti-me no comboio, saí em Hampton-in-Arden, onde não saíu mais ninguém, caminhei uns 7 ou 8 minutos, sem ver ninguém, e finalmente entrei na The Bakery onde havia muita gente.

Funciona no espaço de um restaurante (Smoke), daí o horário, para além de venderem pão, bolos, manteiga, queijos... também se podem lá comer os bolos e beber um café. Passados uns minutos, estava sentada a comer um excelente bolo feito com a massa do croissant e recheado de chocolate e avelãs, e a beber um café. 

 

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No saco tinha um pão, que esperava que fosse bom, e que saiu desta prateleira:

 

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Recordei que um dos restaurantes do hotel Hampton Manor tinha tido em tempos uma estrela Michelin, mas tinha fechado. Planeei ir a um dos dois atuais (Smoke e Grace & Savor). Uns dias depois soube que o Grace & Savour foi um dos novos restaurantes em Inglaterra a que foi atribuída uma estrela Michelin. 

Pequeno almoço tomado e pão no saco, foi altura de regressar. Não me cruzei com ninguém no caminho até à estação, não havia ninguém na estação, mas o comboio parou na plataforma à hora programada. Durante o regresso, achei que seria um bom plano para o almoço provar o pão, mas precisava de arranjar acompanhamentos à altura. Lamentei não ter trazido uma manteiga e um queijo da padaria, tive que fazer outros planos.

Passei numa loja especializada em cervejas, e que vende alguns outros produtos, e comprei um enchido artesanal produzido na Escócia.

 

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A East Coast Cured é uma pequena empresa que produz enchidos fundada por um casal, Steven e Susie Anderson, que depois de umas férias na Europa, concluíram que os enchidos disponíveis na zona em que viviam na Escócia estavam muito longe, em termos de qualidade, daqueles que tinham comido durante essa viagem. Decidiram meter mãos à obra, abriram uma pequena charcutaria e loja num bairro portuário de Edimburgo, e especializarem-se na produção de produtos fabricados com carne escocesa, de quintas locais. A qualidade da sua gama de produtos tem sido reconhecida e têm ganho variadíssimos prémios.

Para o Porcini & Truffle Salami que comprei, um dos seus produtos de maior sucesso, adicionam à carne de porco boletus edulis em pó, queijo parmesão ralado, e um pouco de óleo de trufa. Um enchido com um sabor forte, diferente do habitual, mas muito bom. Um enchido que tem recebido vários prémios (2 Stars Great Taste Awards 2020, Winner of Artisanal Product, Scotland Food & Drink Excellence Awards, 2019 & Winner of Meat Category, Scotland Food & Drink Excellence Awards 2018).

Comprei também um queijo produzido artesanalmente nos Cotswolds pela Simon Weaver Organic, uma queijaria artesanal fundada em 2005, numa quinta onde três gerações da família Weaver têm produzido leite. O seus produtos orgânicos e artesanais têm recebido vários prémios. A minha escolha recaíu sobre o já premiado Cotswold Blue Veined Brie.

 

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No frigorífico tinha cerveja de uma empresa local criada em 2015, a Dhillon's Brewery. Tirei uma lata de uma Golden Pale Ale, que descobri depois também ter recebido vários prémios. Curiosamente o Head Brewer da Dhillon's, Pedro Oliveira, é português.

 

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Quando acordei só queria um bom pão, acabei por reunir um conjunto de produtos muito interessantes, de empresas criadas recentemente por jovens empreendedores e que levam muito a sério o seu trabalho, que tem sido amplamente reconhecido e premiado.

O almoço foi bom, mas o resto da tarde também. Ocupei-a a saber mais sobre o que tinha acabado de comer e beber. As saudades de um bom pão proporcionaram-me muito mais do que um bom pão!

 

1ª Foto DAQUI

3ª Foto DAQUI

4ª Foto DAQUI

5ª Foto DAQUI

6ª Foto DAQUI

 

 

23
Dez22

Um Calendário do Advento e muito Divertimento

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O Natal está quase aí. Houve alturas em que para mim tinha uma magia especial... Agora por vezes apetecia-me senti-la, mas... nem sempre consigo.

Para ajudar a criar alguma expetativa neste período natalício, este ano resolvi comprar um calendário do advento para mim. Não, não é daqueles habituais com uns chocolatinhos. Este permite-me novas experiências e aprender mais.

Não bebia café, mas durante o confinamento descobri o café de especialidade. Desde aí continuei a experimentar novos cafés e a ampliar cada vez mais as experiências. Até fiz um curso para aprender a fazer o café em casa como deve ser. 

 

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Comparei lado a lado o mesmo café feito com uma French Press, uma Aeropress e uma V60. O último método é o meu preferido. Alterno cafés de diferentes marcas, e abrir um novo pacote é sempre uma descoberta. Quando vi este calendário do advento, uma caixa com 25 pacotes com 20 g de café cada, todos diferentes, achei que era mesmo o que eu precisava para adicionar uma camada extra de magia ao Natal.

 

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Cafés de especialidade de 7 países diferentes, 4 edições limitadas, 14 micro-lotes. Os dois últimos serão estes, e dizem que o de 25 é muito especial. 

 

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Cada um tem informação sobre os seus produtores, o método de produção e notas de prova.

 

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Comprei duas caixas, uma para mim, outra para uma das minhas filhas que me tem acompanhado nesta descoberta do mundo do café. Trocamos sempre impressões sobre o café do dia. 

Tem sido um divertimento muito formativo. Experimentar 25 cafés diferentes em 25 dias é fantástico! Uma experiência única, que de outra forma seria impossível.

 

Desejo-vos um Bom Natal!

 

 

10
Out22

O que eu sempre tinha precisado... e nem sabia que existia

 

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Gosto de torradas, mas tinha um problema. As torradeiras estão dimensionadas para fatias de pão de forma e eu raramente uso pão de forma. As fatias que torro são, por vezes, relativamente pequenas e tirá-las da torradeira era um problema! Muitas vezes queimei os dedos. Tentava fazê-las saltar e apanhá-las no ar, mas nem sempre resultava. Por vezes ficavam mesmo presas. Uma vez, sem pensar, tentei tirar com um garfo, mas ele tocou onde não devia e o quadro saltou. A minha solução era ter um garfo de plástico perto da torradeira para me auxiliar a remover torradas difíceis. O garfo ia derretendo e eu odiava o processo. Tão deselegante!

Imaginem como fiquei há tempos quando, a folhear um catálogo de coisas para casa, encontrei Toast Tongs:

 

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Que felicidade! Era o que eu sempre tinha precisado e nem sabia que existia. Comprei logo! Não uma, mas duas, já que neste momento ando entre duas casas. São lindas! Não fazem o quadro saltar, não derretem, poupam-me os dedos e o sistema nervoso (por vezes era tão irritante tirar as torradas que resistiam). Encontrei uma forma elegante de resolver o meu problema. Até têm um magnete e estão sempre ali à mão, junto à torradeira, nunca tenho que as procurar.

Como é que eu levei tantos anos a descobrir que estas pinças existiam? Mas o importante é que agora tenho o problema resolvido, e com menos de quatro euros a minha vida mudou.

 

15
Set22

As minhas experiências em restaurantes de sobremesas

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À minha frente estava o meu Spanish Iced Latte, a tarefa seguinte era construí-lo a partir das partes. Depois bebê-lo.  Era a minha primeira experiência num dos muitos restaurantes de sobremesas que via um pouco por todo o lado no UK, uma realidade que até há pouco desconhecia, ou pelo menos de que não tinha tomado consciência, nem entendido.

Primeiro intrigou-me o número de restaurantes de sobremesas, sobretudo em determinados bairros e cidades. Depois o horário de abertura, quando a maioria das coisas fecha pelas 16 horas, eles abrem por essa hora mais ou menos e estão abertos até tarde, e até muito tarde durante o Ramadão. Tinham todos interiores relativamente glamorosos, claro que uns mais que outros. Depois comecei a ver que nos clientes havia uma percentagem elevada de jovens muçulmanos.

Com alguma busca, finalmente comecei a entender. Muitos jovens muçulmanos não vão pubs ou bares onde vendem álcool, e são este os locais onde se encontram com os amigos, nestes espaços fazem parte da sua vida social, são também locais adaptados para saídas em família. Também lhes permitem não estar preocupados com o facto de as sobremesas terem algum ingrediente que não seja compatível com as suas dietas (por exemplo gelatina). Há ainda outros espaços idênticos, pelo que entendi mais dirigidos para hindus vegetarianos, que não comem ovos pois são potencialmente seres vivos e portanto não são considerados vegetarianos. Nestes os bolos têm leite, natas, mas não têm ovos. No resto parecem-me terem características idênticas. Os espaços são atraentes, sofisticados, e luxuosos (pelo menos alguns deles). Com as bebidas e as sobremesas passa-se o mesmo, prometem momentos especiais, mais do que alimentar pretendem proporcionar experiências.

Há tempos, passei à porta de um destes restaurantes de sobremesas, junto a um poster, no exterior, com uns apetitosos mocktail, estavam duas jovens muçulmanas, e uma delas dizia "Tenho que beber isto!". Foi isso que eu também disse quando olhei para o menu, um espesso livro com muitas páginas de um papel de qualidade e muito ilustrado, num Heavenly Desserts e vi a foto do Spanish Iced Latte e a sua descrição "Our spin on the Spanish Iced Latte. Espresso ice cubes, steamed milk and sweet condensed milk are combined to deliver a decadent coffee-based beverage like no other.".

 

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Precisava mesmo daquela experiência! Primeiro o encantamento com a apresentação. Bolas... um erlenmeyer não tem nada de original para mim, mas aquele com o leite exercia uma enorme atração. Ainda bem, pequenos prazeres que são importantes. Misturei tudo e o meu Spanish Iced Latte soube-me maravilhosamente bem!

Há tempos abriu um espaço destes num bairro onde vou frequentemente, o The MilkCake Man. Olhando para o instagram deles prometiam um luxo de sobremesas... Passei lá, o espaço não era tão luxuoso como o que o instagram e as sobremesas levavam a prever... Será que as sobremesas estavam à altura das fotos ou do espaço? A primeira foto que vi de sobremesas deles foi da Cherry Blossom Tree, e quando a vi também pensei "Tenho que comer isto!". Levei muitos meses até lá ir... mas um dia, finalmente, tinha a minha Cherry Blossom Tree...

 

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Nada como satisfazer um desejo... mesmo que seja um pouco infantil... E a sobremesa também o era. Um gelado de uma mistura comercial (que precisava de estar um pouco mais frio), bolachas Oreo esmagadas, um biscoito de chocolate e uma nuvem de algodão doce cor de rosa vivo. O copo de um plástico não muito forte, a colher de plástico... Não esteve à altura do interesse que despertou (para dizer a verdade nunca tive muitas expetativas). Mas um desejo satisfeito abre lugar para outros, mais interessantes, ou não... O que importa? 

 

 

29
Ago22

Cafés Vietnamitas - outras culturas, outras formas de preparar o café

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Estava a ler um artigo sobre um novo café que abriu em Londres, o Trampoline, a certa altura, relativamente a um dos sócios, dizem:

 

This passion for speciality coffee was cemented in 2013 when he visited Ethiopia. The realisation that there were other countries that had as much passion for coffee as the Italians had was ‘life changing’, in his own words. These cultures had coffee embedded in their lives, they loved coffee, they knew coffee, the only difference was how they prepared it and served it.

 

As diferentes formas como, em diferentes culturas, se preparam os mesmos produtos é fascinante. Ao ler isto, lembrei-me dos cafés vietnamitas, e das formas diferentes de os preparar. Há alguns anos que me despertam a curiosidade. O café produzido no Vietname é essencialmente café Robusta que tende a apresentar sabor terroso, e é normalmente mais amargo e encorpado do que o café Arábica. Além disso, o processo de fermentação e o de torra usado, lento e longo em que se obtêm grãos com uma cor consistente e escura, resultam num café amargo que é equilibrado com leite, açúcar ou, frequentemente, com leite condensado.

Em geral o café é preparado em porções individuais na mesa com o phin, um filtro próprio de metal (1ª foto), colocado sobre um copo ou caneca de vidro. Muitas vezes o copo tem um pouco de leite condensado. Ver o café a gotejar vai abrindo o apetite para o beber.

Uma outra forma vietnamita de preparar café, o Cà Pê Trung, usa ovos. Consta que data de meados dos anos 1940 e o objetivo era ultrapassar as limitações da escassez de laticínios para as bebidas de café habituais. 

Já tinha experimentado fazer o Cà Pê Trung, mas nunca o tinha provado feito por vietnamitas. Aconteceu algumas vezes nos últimos meses. A camada superior de uma espuma densa e doce, com intenso sabor a leite e ovos, quase uma sobremesa, contrasta com o amargo café que está por baixo. 

 

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26
Ago22

Baobá Café - onde um café é sempre muito mais do que o que bebo

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Durante muitos anos não bebi café, foi uma das descobertas que fiz durante o período de confinamento devido à Covid 19. Agora gosto, bebo diariamente, mas sou muito fiel aos cafés de filtro. Compro em geral cafés de especialidade, pela sua elevada de qualidade, origem única (o que os faz ter personalidades próprias) e também devido aos aspetos relacionados com a cadeia de produção e abastecimento

Cada vez são mais as empresas que disponibilizam estes cafés e também os locais onde são servidos. Um dos meus locais de eleição em Lisboa é o Baobá Café na Rua de S. Paulo. Gosto do espaço e do ambiente, mas sobretudo do serviço e da simpatia. Em particular da disponibilidade para nos esclarecerem e satisfazerem os caprichos.

O Baobá Café é um espaço dos produtores de café brasileiros da Fazenda Baobá, em São Sebastião da Grama. Apenas os cafés deste produtor são servidos, chegam verdes e são torrados na loja semanalmente. Servem também alguns bolos e sanduíches, mas nunca provei. Já aos bombons não consigo resistir, porque são bonitos e porque as pequenas redomas de vidro em que são servidos os transformam num pequeno luxo.

Há tempos, éramos três pessoas, e pedimos o mesmo café preparado de três formas diferentes, com Chemex, Clever e Koar. Pareciam três cafés diferentes... Mas, mais do que termos tido a oportunidade de fazer esta comparação, o facto de nos ter chegado à mesa um tabuleiro com os três cafés e 9 chávenas, iguais três a três para não confundirmos, para os podermos provar e comparar, revela bem a atenção ao detalhe. Para além disso, explicaram-nos como tinham sido preparados, as características de cada processo de extração e como isso se reflete no resultado final.

 

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O Baobá passou a ser um local onde vou regularmente em Lisboa, porque gosto dos cafés e porque me permite descobrir cada vez mais e melhor o café. É um local onde um café é sempre muito mais do que o que bebo.

 

Baobá Café

Rua de S. Paulo 256, Lisboa

 

 

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