Sobremesas - desconstrução por opção?
Recentemente numa conversa com amigos havia um que se queixava da moda das sobremesas desconstruídas. Comentou-se que não é que algumas não sejam boas, mas todos concordávamos que tínhamos saudades de algumas sobremesas clássicas, de sobremesas que exigissem um bom domínio técnico e não parecessem que tinha sido a forma de aproveitar algo que não tinha corrido bem.
É verdade que em muitos casos as sobremesas são os elementos mais fracos do menu. Acontece também que em muitos restaurantes não há pasteleiros e quase que parece que se improvisam umas sobremesas.
Não fui eu que comecei a conversa, mas curiosamente tinha lido na véspera um artigo do Jay Rayner no The Guardian precisamente sobre este assunto, referindo-se à situação em Inglaterra: I am sick of half-hearted desserts. Bring me a proper pudding .
Achei interessante esta constatação:
If you’re hungry you order a main course. That’s a real physical need. But nobody needs dessert. They are an indulgence, which is why we eat out. And it’s an indulgence at risk of being forgotten.
Jay Rayner tenta ainda discutir as razões para a falta de ambição relativamente às sobremesas, e aponta o facto de muito cozinheiros não terem tido formação adequada em pastelaria e portanto terem falta de competências, mas também um problema de atitude relativamente às sobremesas que não são levadas muito a sério por muitos cozinheiros. Este tipo de atitude é também responsável pela falta de incentivo para a presença de pasteleiros nos restaurantes.
Um assunto que dá que pensar!