No ZunZum da Marlene
A Marlene Vieira estava para abrir o Zunzum em Março, mas houve quem lhe trocasse as voltas... Uma criatura (nem isso se pode chamar, pois nem consegue viver por si só...) invisível e minúscula, mas que nos virou a vida do avesso, impediu-o. Tenho uma grande admiração pela Marlene, pela sua determinação e frontalidade, pelo seu trabalho, pela sua força. Também neste momento complicado a Marlene mostrou tudo isto, e nem a desprezível criatura invisível a parou.
O Zunzum abriu no final de Julho e num sábado recente fui lá almoçar. Tudo em vermelho, e eu gosto de vermelho e da energia que o vermelho transmite. Uma esplanada e um espaço interior todo envidraçado, que nos faz sentir integrados no espaço circundante, mas com o conforto de uma sala de restaurante. A cozinha tem duas janelas circulares e através delas vi a Marlene sempre em grande azáfama durante todo o tempo que lá estive. Conversámos um pouco. Ainda não é possível abrir o bar de sobremesas previsto para o Zunzum, o projeto teve que ser adaptado aos tempos que correm.
Na mesa pedi o couvert e um copo de Marlene Vieria 2017, um Verdelho da Península de Setúbal.
Chips de peixe, Pão tradicional, Brioche, Manteiga dos Açores. Pasta de chouriço
Adorei os chips de peixe (que não sei qual era) - crocantes, saborosos, deliciosos!
No menu vários pratos pequenos com que se pode fazer uma refeição, ou que podem servir de entrada, alguns pratos mais substanciais e sobremesas. Para além do menu fixo, também há os pratos do dia. Produtos e sabores portugueses, que com técnicas mais atuais e a criatividade da Marlene resultam num conjunto de propostas originais, descontraídas e coerentes com o ambiente.
A escolha não foi fácil entre tanta coisa que me apetecia provar... Comecei com dois pratos pequenos do menu (um deles em meia dose)
Filhós de berbigão à Bulhão Pato
massa de filhós, creme de berbigão, coentros, limão
Quando o vi no menu ficou decidido que este seria um dos pratos. Adorei a ideia, gostei ainda mais quando o vi (e comi). Fez-me lembrar os pratos salgados do Luís Baena baseados produtos de pastelaria que fazia em Catralvos. Valeu por si, valeu também pela viagem no tempo.
Ceviche de espadarte com maracujá e pimenta da terra
espadarte, maracujá, batata doce, pimenta da terra e coentros
Este prato foi sugerido pela Marlene, disse que era bom e muito fresco. Aceitei a sugestão e não me arrependi. As pipocas picantes contribuíam com um contraste de textura interessante, que acabava por realçar frescura do ceviche.
Quando me disseram qual era o prato do dia, imediatamente optei por ele. Também passei para um vinho tinto, um Terras do Anjo 2012 de Lisboa.
Pato, marmelos e uvas
Muito outonal, e o outono já se sente e apetece. Depois das entradas mais leves e frescas, a lembrar o verão, souberam bem estes sabores de outra estação.
Quando me disseram o que era a sobremesa do dia, nem sequer voltei a consultar o menu. Era mesmo o que me estava a apetecia para finalizar a refeição.
Tarte de queijo da Serra e Figos, Gelado de figo
Muito bom! Como tudo o resto. Parabéns Marlene! Já estou com vontade de voltar...
Zunzum Gastrobar - Av. Infante Dom Henrique, Doca do Jardim do Tabaco, Terminal de Cruzeiros de Lisboa