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31
Jul18

Não, não me quero sentar ao balcão!

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Quer sentar-se ao balcão? Foi uma das primeiras perguntas que me fizeram quando cheguei ao 64 Degrees. Não, não queria... Sinceramente não sinto o menor fascínio por me sentar a um balcão, antes pelo contrário. Mas vamos por partes...

 

Primeiro que tudo os assentos altos, e frequentemente desconfortáveis. É, muito possivelmente, falta de jeito meu, mas não consigo trepar de forma minimamente elegante e confortável para os bancos altos dos balcões. Fico sempre ansiosa antes de ter que o fazer e, depois de lá estar, sinto-me sempre muito desconfortável. Gosto de ter o pés nos chão (quando me sento e na vida em geral, mesmo que a cabeça às vezes possa andar por cima das nuvens).

 

Depois, o reduzido espaço, o ter que quase entrar numa relação de intimidade não escolhida com os vizinhos do lado... torna tudo ainda muito mais desconfortável. O espaço é, normalmente, reduzidíssimo. E não posso fazer o que fazia com os meus irmãos quando era criança, em situações de espaço individual limitado. Ou seja, perguntar "O teu Pai é aviador?".  Não gosto mesmo. No 64 Degrees, só eu estava nas mesas, no final havia 7 pessoas ao balcão, bem juntinhas, e ainda mais espaço para duas ou três (nem quero imaginar...). 

 

Depois a interação com quem está a cozinhar. Não sou tão despachada como às vezes pode parecer, e não me apetece normalmente toda a interação inevitável numa situação tão próxima. Por nenhuma razão especial, a não ser uma questão de timidez, sobretudo quando estou sozinha, e também de privacidade quando estou acompanhada.

 

Para além de tudo isto, adoro cozinha, mas ainda não descobri o fascínio das cozinhas à vista. Como, apesar de agora nem cozinhar assim muito, toda a vida o fiz, a maior parte daqueles gestos são-me suficientemente familiares para não terem nada de particularmente glamoroso, e não gosto particularmente de os estar a seguir. Quantos aos que não fiz, como seja o lento e delicado processo de pôr as guarnições nos pratos com pinças, por vezes stressam-me, sobretudo quando é o meu prato e eu tenho fome. Por vezes, a uma distância considerável, é aceitável, mas gosto mil vezes mais de comer sem ter que observar todo o processo. Que me chegue um prato lindo à mesa, com cada pequeno detalhe no lugar pré-definido, quase como por magia. E quando chega a hora de limpar a cozinha???!!! Já me aconteceu duas vezes em restaurantes com 1 * Michelin ter que assistir a todo o processo de limpeza da cozinha, fogão, paredes... Não é agradável... 

 

Depois, o trabalho da cozinha é cansativo, extenuante, acho uma violência obrigar quem está a cozinhar a ter que estar constantemente a pensar que está a ser observado, que tem que estar sorridente, que tem que fazer gestos perfeitos, que não pode sequer esboçar um palavrão quando algo cai ou passa do ponto, que tem que ter um ar fresco, quando está tudo menos fresco. É que é duro e torna o trabalho ainda mais cansativo!  Por outro lado, eu estou a pagar para ter um momento de lazer, por vezes também extenuada, e não me apetece ver trabalhar pessoas tão exausta quanto eu. É a vida, e a realidade. Eu sei. Mas às vezes é preciso entrar nalgumas bolhas, fora da dura realidade! Um restaurante tem que ter a sua componente de magia, de glamour...

 

Todas estas razões levam-me a preferir sentar-me numa mesa, tão confortável quanto possível, num ambiente tão agradável quanto possível. Mas, quanto às mesas... amanhã há mais.

 

 

 

 

 

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