Mercado da Ribeira - os tempos mudam, os hábitos mudam e as mudanças deixam marcas.
Mercado da Ribeira, um sábado ao fim da manhã. Quase ninguém... Podia ficar pela beleza de alguns produtos expostos.
Mas não dá para enganar. Fiquei triste. A decadência do mercado propriamente dito deixou-me um gosto amargo. Os tempos mudam, os hábitos mudam. As mudanças deixam marcas. E nos mercados deixaram marcas muito fortes. Na zona de mercado da Ribeira também. Um mercado vazio, muito vazio. Um panorama que contrasta com o que o rodeia - o processo de gentrificação da zona e de parte do mercado.
Passei pela zona de alimentação. Cheia, muito cheia. Questionei-me se aquelas pessoas encontravam ali o que procuravam. Questionei-me sobre que tipo de experiência procuravam. Sobre se as expectativas eram satisfeitas. Já, em tempos, me fui lá sentar a ver se descobria o que atraía tanta gente. Não consegui descobrir.
Voltei para o mercado. Passei pela banca onde uma senhora de idade avançada com as mãos deformadas pelos anos, e sobretudo pelo trabalho, vendia flores que fazia com malaguetas, papel e sacos de plástico. Não resisti a trazer uma flor, e uma história de vida veio atrás. Tanto de ternura e de ingenuidade, o que possivelmente se perdeu do outro lado. Mas o mundo é outro... os tempos mudam, os hábitos mudam. As mudanças deixam marcas.
Atravessei a rua, na tasca em frente servia-se comida portuguesa, genuína, boa... mas o tempo passou, e ali não... Dava que pensar. De um lado passou demasiado depressa, levando quase tudo à frente. Do outro não acompanhou os tempos. Notava-se alguma decadência.
Como atingir o equilíbrio? Como conseguir o melhor dos dois mundos - do que passou e deste em que vivemos? Como conseguir que umas coisas puxem pelas outras?