Meat Me - carne com muita qualidade num ambiente de luxo
O que se vê ao entrar no Meat Me impressiona. Cria uma expetativa de qualidade relativamente à comida e ao serviço.
Na mezzanine um bar, no piso de entrada o restaurante. Estava no Meat Me a convite, e à chegada encaminharam-me para o bar. Para este recanto:
Um bar em que se pretendeu recuperar o funcionamento dos bares clássicos dos anos 1920 / 30 e todos os produtos foram escolhidos pela sua qualidade e história. Foi ali que nos foram servidos alguns óptimos cocktails escolhidos da carta ilustrada por Ana Gil e criados pelo headbartender Vasco Martins.
Todos os detalhes são cuidados, incluindo o gelo que é preparado em blocos que depois são cortados e marcados com o logo do restaurante.
Passámos ao restaurante, mas antes de nos sentarmos fomos convidados a ir até ao balcão onde estão as carnes. Carnes seleccionadas pela sua alta qualidade, e etiquetadas com todos os detalhes relevantes, como por exemplo a proveniência, a raça e o tempo de maturação. Carnes com os selos El Capricho para os bovinos, ou Montaraz para o porco. Optou-se por haver uma ligação estreita entre a equipa do restaurante e os produtores de forma a optimizar o resultado final.
O Chef Tomás Pires explicou que estas são cozinhadas numa das três grelhas Josper: a de churrasco clássico, a parrilla espanhola e a robata japonesa. Havia ainda o desafio de uma das pessoas do grupo não comer carne, mas isso não foi problema, havia opções para esses casos.
Passámos à mesa, ao lado dela, mesmo à mão, um botão dizia "Press for Champagne", rimos e um de nós carregou no botão. O champagne imediatamente apareceu:
Para couvert, três tipos de pão (de fermentação lenta, foccacia e um flatbread) acompanhados por manteiga de cabra com pó de louro e um gordura de porco preto com escamas de sal.
Foi-nos então apresentada a peça de carne que iriam cozinhar para nós.
O sommelier António Roxo explicou como foi construida a carta de vinhos, nove produtores, cada um de um terroir diferente, representando o país de norte a sul. Referiu também uma estreita ligação com os produtores que visitou para se inteirar das características e modo de produção dos seus vinhos e seleccionar os rótulos a incluir na carta, incluindo as Preciosidades, vinhos de coleção, alguns que só podem ser provados no Meat Me.
O primeiro vinho a ser servido foi um branco do Esporão.
E as entradas foram chegando.
Carpaccio Maturado 180 dias, Azeite, Queijo S. Jorge 36 meses de cura
Aba de Novilho Crocante, Maionese de Alcaparras - "É o nosso croquete"
Osso Assado, Cogumelos e Pickles de Mostarda
Todos muito bons, deliciosos os croquetes. Mas delicioso era também o que veio para a pessoa que não comia carne e que foi partilhado connosco. Quando se cortava escorria o interior cremoso de ovo. Muito bom!
Cremoso de Batata Assada e Aioli Picante
Um novo vinho foi servido e com ele chegou o primeiro prato.
Barriga de Leitão à Bairrada
Muito feliz a ideia da maionese do molho do leitão, com o sabor característico, mas mais suave. O gel de laranja conferia uma agradável frescura.
Para o prato seguinte um novo vinho foi servido:
Chuletón de Vaca
A carne que nos foi mostrada no início, e que esteve a ser preparada enquanto comíamos. Separada do osso para ser cozinhada, de forma a obter uma maior homogeneidade no ponto de cozedura. Para os acompanhamentos, para além dos legumes assados, também cozinhados no Josper, dois outros menos habituais, e muito muito bons. Um Xerém de Tomate Assado e um Arroz de Morcela com Vinho Verde. A carne... excelente!
Chegaram as sobremesas da autoria do Chef Pasteleiro André Morgado. Começou por chegar uma pré-sobremesa deliciosa e divertida. Adorei! Umas esferas de gelado de limão, cobertas com um merengue caramelizado. Sendo as espumas más condutoras de calor, o gelado no interior continuava à temperatura ideal.
De seguida vieram mais três das sobremesas para partilharmos.
Mil Folhas de Doce de Leite, Caju Salgado e Limão
Pudim na Lata, Ananás Assado, Lima e Hortelã
Muito rica e bonita a primeira. Muito fresca a segunda. A terceira será uma sobremesa menos consensual, mas foi a que mais me encheu as medidas. Também a mais coerente com o ambiente.
Charuto de chocolate, Whysky Glenfiddish, Fumo e Clementina
O Meat Me é um projeto arrojado do Seame Group. Para estar completo falta a esplanada na calçada no Largo do Picadeiro, que abrirá em junho, será uma outra experiência, pois o ambiente é outro e a carta também será diferente.
No início deste post dizia que o que vi à entrada me criou expetativas sobre a qualidade da comida e do serviço. Essas expetativas foram satisfeitas, ou melhor, foram superadas. Gostei muito.
Relativamente aos preços, como seria de esperar, são altos para determinados cortes de carne (Chuletón de Boi Premium El Capricho e Wagyu do Chile e os Carabineiros), mas os restantes são bastante razoáveis tendo em conta o que é oferecido. Os preços das entradas andam entre os 11 e 19 euros e os dos pratos entre os 13 e 35 euros, sendo os acompanhamentos em média 6 euros e as sobremesas entre os 7 e os 8,5 euros.
Atualmente fala-se muito da necessidade de passarmos a consumir muito menos carne. Mais tarde pus-me a questão de se nesse contexto tudo isto fazia sentido. Concluí que sim. Tem que se reduzir bastante, portanto o consumo que se fizer que seja de carne com qualidade. Comer carne tornar-se-á um luxo, pois que seja consumida também com a qualidade desta e num ambiente de luxo como este.
1ª à 5ª Foto cedidas pelo restaurante.
Meat Me - Rua Duque de Bragança, Largo do Picadeiro, 8 - Lisboa