Mais nonsense numa manhã é difícil...
Planeei este sábado, 5 de agosto, sair de manhã e ir a uma outra terra, aqui perto, tomar o pequeno almoço e comprar bom pão, manteiga e queijo. Planeava ainda dar um passeio pelo parque e sentar-me a ler. Planeava... quando acordei fui ver a previsão do tempo - máxima de 14ºC, chuva todo o dia. Desisti da ideia.
Mantive o plano do pequeno almoço fora, só que passou para o café da esquina, cujos donos são iranianos. Cheguei, um ambiente calmo, só uma mesa ocupada, junto à porta, com duas amigas bebendo café e pondo a conversa em dia. Entrei, sentei-me e pedi um pequeno almoço persa e um pistácio latte (primeira foto).
Até esse momento o nonsense resumia-se à temperatura máxima de 14ºC e chuvinha persistente no início de agosto, um verdadeiro dia de inverno. A partir da altura em que chegou o pequeno almoço, que experimentava pela primeira vez e era simpático, aconteceu uma enxurrada de situações de completo nonsense...
Entra um homem, pelos 70 e muitos, vem a puxar uma pequena mala de viagem, coberta com um saco de plástico, dos pretos para o lixo (compreensível com a chuva). Dá dois dedos de conversa com o dono do café. Não ouvi o que disseram, mas fiquei com a sensação de que era frequentador habitual. Depois, junto à mesa onde estavam as duas amigas a conversar, abre a mala e tira uma extensão que liga à ficha por detrás da mesa delas. Debruça-se sobre elas para passar o fio da extensão por detrás da mesa, junto à parede. Vai dizendo que não as quer incomodar, elas, simpáticas, dizem que não incomoda nada.
Vai depois buscar outra extensão, põe-se de cócoras quase encostado a uma delas para a ligar à primeira extensão. Sempre a dizer que não as quer incomodar, ela dizem que tudo bem. É mais que óbvio que as está a incomodar... Passa o fio da segunda extensão para fora, para a esplanada, que é coberta. Deixa de ser possível fechar bem a porta. Estão 12ºC lá fora e muito desagradável. Ele diz que não as quer incomodar, elas dizem que está tudo bem e que vão mudar de mesa. Mudam para outra mesa afastada da porta e da mala do homem.
Ele continua no corrupio de entrar e sair. Finalmente leva a mala lá para fora. Junta duas mesas da esplanada e cobre-as com umas toalhas de mesa pretas que tinha na mala. Tira o computador e uma coluna com uns 30x20x15 cm. Liga música bem alto e fica a fazer qualquer coisa no computador e falando com quem passa perto. Passados uns minutos vem cá dentro e pede a dois homens (que eventualmente conhecia) para irem lá para fora porque ele tinha que ir a casa e só demorava uns 20 minutos. As instruções eram que se alguém tocasse no computador que chamasem a dona do café.
Entra então um rapaz com ar triste, senta-se, pede duas Coca-Colas, bebe-as em menos de cinco minutos e sai. Entretanto tinham entrado mais 3 ou 4 pessoas, por incrível que pareça, com um comportamento normal...
Tento ler o livro Red Sauce Brown Sauce - A British Breakfast Odyssey da Felicity Cloake. Em que ela relata uma viagem na Grã Bretanha, de região em região, comentando a peculiaridades dos pequenos almoços tradicionais e visitando alguns produtores. O capítulo que ia começar era sobre Baked Beans, uma componente essencial do pequeno almoço tradicional para 71% dos britânicos. A ideia da autora era visitar a fábrica da Heinz no Reino Unido, mas por restrições devido à pandemia na época em que escreveu, não o pode fazer. Substituiu pelo Baked Beans Museum em Port Talbot (numa casa particular). Só visto...
Acabei o capítulo, na esplanada a música continuava alta, o homem continuava de chapéu e casaco a fazer qualquer coisa no computador, continuava a chover ininterruptamente. Vim para casa, mas antes passei pelo café do outro lado da rua e comprei um pastel de nata para comer com um chá, enquanto, de casaco de malha e tapada com uma manta, escrevo isto.
Mais nonsense numa manhã é difícil...
2ª foto DAQUI