Línguas curadas e prensadas. Uma descoberta recente. Uma delícia!
Acho que aquilo a que se chamam "miudezas", ou seja as partes dos animais consideradas menos nobres, são daquelas coisas que se adoram ou se odeiam, pois causam repugnância. Eu pertenço ao primeiro grupo, é só ver num menu um prato que as use e é certo e sabido que com grande probabilidade o escolherei.
A minha família tinha uma fábrica de salsicharia e presuntos. Quando era criança faziam-se matanças na fábrica. As pernas iam para presuntos, os lombos para paios de lombo... Não é que não viessem parte para nossa casa também, mas o que vinha sempre eram as partes que não eram usadas e que eram vendidas a quem quisesse. O respeito pelos animais que nos alimentavam exigia que tudo fosse comido e nada desperdiçado.
Se pensar nas refeições da minha infância há muito fígado, baço, mioleira, rins, orelha de porco, e ainda rabos e aquilo a que chamávamos glândulas e beiços assados. Muita língua de porco de fricassé. Não sei porquê a minha Mãe cozinhava-as sempre assim, tinha aprendido com a minha Avó paterna. De vez em quando ainda reproduzo algumas destas receitas que estão no caderno de notas dela. Gosto daquelas texturas e sabores diferentes.
Língua de vaca gosto muito, mas carne de vaca não fez parte da minha criação (como dizia o meu Pai), comecei a comer carne de vaca regularmente já adulta. Como por vezes língua de vaca em restaurantes, mas é raro. Ou antes, era raro até há umas semanas. Há dias, num supermercado, encontrei nas carnes frias língua de vaca curada e prensada. Nunca tinha comido, nem sabia que se vendia assim. Comprei para experimentar. Delicioso! Já comprei mais vezes, e enquanto por aqui estiver hei-de comer muitas mais.
Passados uns dias fui a outro supermercado, e dou com um produto idêntico, mas de língua de porco. Delicioso também!
Uma excelente descoberta! É altura de começar a experimentar mais carnes frias a que normalmente não tenho acesso. E a variedade é grande!