L´éclair: uma janela que permite escapar ao quotidiano
Há dias, estava sentada na L’éclair e na mesa ao meu lado sentaram-se três franceses, com idade para estarem a gozar a sua reforma. Pelo que ouvi pareceu-me que uma senhora vivia em Lisboa e estava com um casal que a tinha vindo visitar. Enquanto aguardavam os éclairs que tinham escolhido, a senhora que vivia em Lisboa disse várias vezes aos amigos “Ils sont superbes”, depois foi dizendo que nunca tinha comido éclairs tão bons em França, que eram os melhores que alguma vez tinha comido. Também são os melhores que eu alguma vez comi, mas não sou francesa, e a minha experiência quanto ao que aos éclairs diz respeito é bem mais reduzida que a dela, e o que ouvi serviu para confirmar a qualidade dos éclairs que o Mathieu Croiger e a sua equipa nos disponibilizam diariamente.
A L’éclair abriu há quase dois anos, por iniciativa de Mathieu Croiger, filho de uma portuguesa, que tem formação em hotelaria e restauração e trabalhou na área durante vários anos em Paris. Aos 26 anos resolveu vir viver e trabalhar para Lisboa e trouxe com ele João Henrique, um pasteleiro também luso descendente. O objectivo era abrir uma pastelaria diferente do que tínhamos em Lisboa, baseada essencialmente num único produto. Desde o início que tenho sido cliente regular deste espaço com uma decoração simples, mas elegante, onde o serviço é muito simpático e me tratam sempre muito bem. A atenção que o Mathieu dispensa ao seu espaço e aos seus clientes é certamente um factor importante para o sucesso e para a manutenção da qualidade, raríssimas foram as vezes que fui à L’éclair que o Mathieu não estivesse lá.
O dia em que ouvi a conversa que referi estava cinzento, meio chuvoso, e cada dentada no éclair que tinha escolhido era como que um relâmpago que iluminava e tornava menos cinzento o dia. De facto a L´éclair para mim é uma das janela que me permitem escapar do quotidiano, por algum tempo, para umas férias bem longe. A L´éclair permite mimar-me com uns bolos lindos e excelentes…
O facto da oferta ser essencialmente baseada num único produto, não significa que a experiência que nos proporcionam seja sempre igual. Estão constantemente a desenvolver novos produtos, posso sempre escolher o conforto e segurança de um éclair que conheço e de que gosto, ou arriscar em combinações mais exóticas, conforme a disposição no dia.
O prato forte são os éclaries doces, que acompanho sempre com um chá da Mariage Fréres, que traz sempre uma pequena barra de chocolate Valhona. Chocolate este que também é usado na preparação do chocolate quente que servem.
E se queremos experimentar mais do que um, às vezes é difícil decidir, há os mini éclairs.
Ou então há a opção de levar uns para casa para comer mais tarde e partilhar.
À hora do almoço há ainda éclaires salgados, servidos com uma salada. E ao pequeno almoço croissants e pains au chocolat.
É uma sorte ter quase ao virar da esquina éclairs de excelência, melhores do que a muitos dos que se fazem em França (e não sou eu que o digo).
L’éclair
Av. Duque de Ávila 44, Lisboa