Irão - os seus sabores aqui tão perto
Chegámos de táxi, num dia de chuva, o restaurante chamava-se Darchin, no toldo dizia D’ El Rei. “Vamos procurar mais à frente?” ao que respondi: “Não, vou entrar e perguntar, o número da porta é este.” Entrei num café de bairro, era dia de futebol, vários homens viam o jogo na televisão. Ao balcão disse que estava à procura de um restaurante iraniano, perguntei se me sabiam dizer onde era. A resposta foi “É aqui!”
Ao fundo do café uma sala, com alguma separação relativamente ao café. A mesa que nos tinham reservado era lá. Havia outra mesa já ocupada, com um grupo de 9 pessoas. Deram-nos a carta, mas avisaram-nos que só havia 2 entradas e 3 dos pratos do menu. Tinha visto alguns comentários na internet e 2 dois 3 pratos eram o que tinhamos decidido experimentar, tudo bem… Mas é um aspeto que no futuro terão que rever. É importante ter uma maior diversidade de pratos.
Enquanto escolhíamos fui-me apercebendo de que a maioria das pessoas da mesa ao lado era iraniana. Vendo alguma dificuldade do jovem empregado de mesa na comunicação connosco, uma senhora levantou-se e veio ajudar. Era iraniana, vivia em Portugal há 30 anos, estava a jantar com os filhos e suas famílias e com um casal de amigos portugueses. Ajudou-nos a pedir, e logo ali estabelecemos um diálogo que foi durando ao longo da refeição. Explicou-nos que a comida deles tinha um tempero muito suave, mas que era muito boa.
Começámos com dois pães iranianos
Spinach Borani
Molho de espinafres salteados com alho e iogurte
e
Masto Bademjan
Beringela fumada com alho, num molho de cremoso de iogurte
Os dois bons, mas o meu preferido foi, de longe, o de beringela. A cremosidade e o sabor fumado iam tão bem com aquele pão fino! Mas a grande surpresa, foram mesmo as azeitonas. Um tempero delicioso!
Seguiu-se:
Chelo Kabab Koobideh
Espetadas de uma mistura de carne de vitela e cordeiro picada com arroz basmati, tomate e pimentos grelhados
e
Baghali Polo ba Mahicheh
Favas e aneto misturados com arroz basmati de açafrão, com um estufado de cordeiro
Boas as espetadas, muito bom o Baghali Polo ba Mahicheh. O tempero suave, mas muito rico, uma combinação de ingredientes e sabores diferente. Gostei mesmo muito!
Queríamos uma sobremesa iraniana. Na carta havia uma espécie de arroz doce, e uma outra sobremesa. Disseram-nos que não tinham. Havia tarte de maçã e uns cheese cakes feitos no restaurante… mas o que nos apetecia mesmo era um sabor mais exótico. Os nossos vizinhos de mesa explicaram-nos que no Irão não têm o conceito de sobremesa como nós temos. Têm muitos doces, mas é para comer com um chá.
Perguntaram-nos se tínhamos gostado, e em troca perguntei como é que eles avaliavam a comida ali. Se era boa, se era autêntica? Disse-me um deles “Muito boa. Eu vivo fora de Lisboa e desde que o restaurante abriu, venho cá duas vezes por semana, apesar de comer comida iraniana em casa.”
À saída vimos que no vidro da montra diz "Darchin - Restaurante Iraniano". Enquanto chamávamos o táxi saíu um dos homens que via futebol, aconselhou-nos a dizer que estávamos à porta do café D’El Rei, que Darchin era o nome iraniano que eles davam, o nome português era D’El Rei. Achei interessante este convívio entre café de bairro e restaurante iraniano. Este convívio entre culturas diferentes. É bom que assim seja.
O espaço foi renovado, a zona do restaurante é pequena e simples, mas confortável. Há mais mesas, onde vimos depois que também estavam a servir refeições, na zona do café. No verão pode ser bem mais agradável, vimos que há uma esplanada nas traseiras. O serviço precisa de melhorar, mais eficiência e melhor comunicação. Mas abriu há 2 meses e não se aprende português de um dia para o outro…
Darchin – Av. Afonso III - 70B, Lisboa