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12
Mai19

Ingera - uma espera de 20 anos para o provar. Será que valeu a pena?

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Passaram 20 anos desde que ouvi falar deste pão até o provar!  Mas a história é longa... Em 1995 foi lançado o site Epicurious da Condé Nast, que também tinha as revistas Bon Appétit e Gourmet. Talvez tenha descoberto o site porque por vezes comprava as revistas, não me lembro. Mas o que de facto despertou o meu interesse, e de que me lembro muito bem, foi o Forum de discussão e troca de receitas, o Gail's Recipe Swap.  Isto muito antes de sequer se pensar nas redes sociais atuais. Não havia dia que não acompanhasse (geralmente  várias vezes por dia) o que se passava no forum. Não participava muito, mas lia muito. Acho que foi lá que descobri que havia muita gente como eu, com uma grande paixão por cozinha e comida. Mas o que me fascinava era todo o conhecimento que tinham. Sabiam tudo! Foi com receitas de lá que no final da década de 1990 comecei a fazer fumados em casa e a cozinhar carne a baixa temperatura, e muitas outras coisas. Lá aprendi muitíssimo! Um dia fizeram mudanças no site, eu sei que tem que se evoluir, mas aconteceu-me ali o que já me aconteceu noutros locais, deixa de ser familiar, passo a ir menos, e um dia... nada dura para sempre.  Felizmente imprimi muitas das coisas que me despertaram a atenção e tenho vários dossiers com essas impressões. Hoje fui buscar um, fiquei com vontade de perder umas horas com eles.

 

Mas voltando ao assunto do post... Um dia alguém perguntou lá o que era Injera. Rapidamente apareceu quem soubesse tudo sobre Injera e o explicasse. Era um pão da Etiópia feito com farinha de Teff e fermentado. Uns crepes enormes (cerca de 50 cm de diâmetro), finos, mas esponjosos e macios. Esqueci-me de milhares de outras perguntas que fizeram, mas nunca da do Injera. Farinha de Teff era inacessível, nem sequer podia fazer para experimentar. Imaginei-o, mas apenas isso. 

 

Pouco tempo depois comprei o livro Flatbreads & Flavors de Jeffrey Alford e Naomi Duguid, um livro que me marcou muito. O Ingera era um dos flatbreads de que falavam e davam a receita. No meio de tantos pães se calhar nem teria reparado no Ingera, mas dado que antes as conversas no Gail's Recipe Swap me tinham chamado a atenção, reparei nele. Mas o livro tinha poucas ilustrações e nem uma foto tinha... Dizia contudo que o Injera era usada como uma superfície para comer, e que em pedaços era usado para recolher e embrulhar a comida que se ia metendo na boca. Interessante!

 

Há tempos a minha filha mais nova disse-me que tinha ido com uns amigos a um restaurante da Etiópia.Traziam um prato grande que punham no meio da mesa e toda a gente comia do mesmo prato com as mãos. Disse-me que achava que eu gostaria de lá ir. E gostava... a experiência parecia-me interessante, mas havia uma coisa que ela não tinha referido que me fazia ter muita vontade de lá ir. Certamente teriam Injera!

 

Foi assim que 20 anos depois entrei no Blue Nile em Birmingham com a grande expetativa de provar Injera.

 

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Pedimos, e pouco depois trouxeram um tabuleiro redondo grande coberto por um Injera e sobre ele a nossa refeição. Vinha também um cesto com metades de Ingera enrolados. 

 

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Começou a aventura!  Que acompanhei com uma cerveja da Etiópia.

 

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Primeiro fiz, para os meus acompanhantes, uma revisão das regras de boa educação para comer com as mãos:

- Tudo aquilo em que se pega é retirado e deve ser comido;

- Comer lentamente para não parecer que se está a querer ficar com a comida do vizinho;

- Comer só da zona do prato mais perto de nós;

- Só se usa mão direita e os dedos não tocam na boca;

- A porções que se levam à boca devem ser pequenas;

- Nunca se prepara novo pedaço, enquanto não se engolir o anterior.

 

Não digo que tenhamos cumprido rigorosamente todas as regras de boa educação. Mas não foi terrível também. No final não ficou nada para amostra, nem da comida, nem do Ingera sobre o qual ela estava,  nem dos Injera que nos trouxeram à parte.

 

Provar o Ingera foi uma experiência marcante! Valeu a pena, é um pão especial. Um sabor agradável, levemente ácido, mas sobretudo a textura extremamente macia e esponjosa, apesar de fino. Adorei!  

 

 

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