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25
Fev17

Incoerências (1)...

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Quando me dizem: "Este vinho é bom para mulheres" ou este prato, ou esta sobremesa... Fico mesmo irritada! Digo logo: "O que é isso de vinhos ou comida para mulheres? Há comida para pessoas, há gostos diferentes."

 

Mas quando há dias vi à venda esta couve-flor cor de rosa, não resisti a comprar. E pensei: "É mesmo uma couve-flor para mulheres."

 

IMG_20170205_212934.jpg

 

Assim como não resisto de cada vez que vou  Inglaterra a comprar uma Rose Lemonade.  Da última vez não a bebi, e acabei por metê-la na mala. Há dias a bebê-la pensei "É mesmo uma bebida para mulheres."

 

Mas, pensando bem, já vi muitos homens com um copo de vinho rosé na mão...

 

Incoerências? Preconceitos?

 

 

3 comentários

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    Paulina Mata 26.02.2017

    Carlos, e essas associações e vivências não estão frequentemente associadas a convenções sociais? Não estou a falar de um sabor ou aroma que nos remete para um ambiente familiar. Mas neste caso, de associar algo ser usado ou consumido por homens ou mulheres.
    As coisas acabam por estar de tal forma enraizadas que já nem achamos perconceito.

    Tenho uma amiga que é casada com um indiano. A primeira vez que foi à casa da família dele fizeram café e ela pegou numa chávena do dito café. Foi chamada de lado por uma das irmãs dele que lhe disse que ela não podia beber aquele café, aquele era o dos homens. O delas seria feito a seguir. Então era assim, faziam o café para os homens e depois faziam uma nova extração com o mesmo pó já usado para as mulheres. Este seria necessariamente mais fraco, e com muito menos cafeína. Há uma explicação que naquele contexto é aceite, mas no nosso não. Não é uma razão fundamentada, é uma convenção social. Válida naquele ambiente, mas não naquele em que ela sempre viveu e por isso sentiu-o como uma discriminação.

    Quanto aos queijos... as constatações que faz são daquelas que refiro no post que me deixam irritada. :) Entendo o que diz, mas considero um preconceito. Assim como considero um preconceito meu achar que a couve cor de rosa (que sabe exactamente ao mesmo da branca) é para mulheres, ou a bebida cor de rosa que sabe a rosas é para mulheres. São para quem gostar de cor de rosa, ou de rosas.
  • Sem imagem de perfil

    Carlos Alexandre 27.02.2017

    Vamos distinguir:

    Preconceito: Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial.

    A associação, por sua vez, pressupõe um elo de ligação entre uma coisa e outra,
    elo.

    As grandes diferenças estão no não haver fundamento, e ainda na ideia se formar antecipadamente ao juízo. São condições simultaneamente necessárias e suficientes para haver preconceito, mas não para haver associação.

    Se pensa no vinho rosé, e associa a mulheres, pela cor, mais usada por mulheres, é uma associação. Se associa a mulheres sem saber porquê, mas porque apenas é habitual fazê-lo, é preconceito.


    Quando afirma que as associações estão frequentemente ligadas a convenções sociais, está quase a colocar as duas coisas (preconceito e associação) no mesmo saco, como se não existisse diferença entre elas. Claro que as convenções sociais podem resultar em confusões nas associações. Quero dizer, a convenção confundir-se com a fundamentação que se exige para ser associação. Por exemplo, considerar que a cor do vinho rosé ser habitualmente para mulheres (convenção), em vez de constatar que muito mais mulheres usam rosa do que homens (fundamentação, baseada num fato observável, e não resultando de mero pre-juízo). Neste caso, a associação feita é infeliz, porque a fundamentação não é uma fundamentação de fato. Neste caso chamaria preconceito.

    Quando relacionamos duas coisas, podemos ter a consciência se estamos a associar ou a ter um preconceito. Basta pensar nisso com seriedade durante uns minutos. No dia a dia, tenho plenamente consciência destas diferenças. Quando deixo uma senhora entrar antes de mim, é um preconceito que condiciona a minha ação. Quando seguro a porta para esta não bater na pessoa que vem a seguir, a minha ação baseia-se num fundamento de segurança.

    Estou crente que o que a Paulina fez, foram associações e, por isso, não se deve sentir mal com isso!




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