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02
Mar18

Há tantas coisas que são comida, há tantas coisas que é bom comer, é tão interessante transformar sabores e texturas.

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Há dias a minha filha disse-me, que na net andava tudo louco com chickwheat, que se fazia com grão e glúten, e se desfiava, ficando com uma textura parecida com frango Finalmente cozinhava-se como se queria, salteado, em caril, guisado com legumes...

 

Devo dizer que a criatividade, de consumidores normais, para desenvolver produtos alternativos aos produtos de origem animal, que permitam enriquecer e variar as suas refeições é espantosa. Tenho tido curiosidade em experimentar algumas delas, umas que resultam melhor que outras. Não lhes chamo imitações de produtos de origem animal, chamo alternativas. E também não espero que saibam ao mesmo, não vão saber, mas às vezes até se aproximam bem. O importante é que sejam boas.

 

No Natal a minha filha fez isto:

 

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Quase parece salmão, mas não é salmão, é cenoura, consumida de outra forma, com outra textura e um sabor fumado e umami que não é habitual associar à cenoura.

 

Mas voltando ao chickwheat, é basicamente uma massa feita com grão e glúten, muito bem temperada, cozida a vapor e depois, ainda em morna, desfiada para se obterem umas tiras com fibras parecidas com as da galinha, que se guardam e se cozinham como e quando escolhido. Salteámo-las com cogumelos e  juntámos um pouco de nata de aveia e alguns temperos. Mais tarde fizemos os tacos da primeira foto.

 

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Fico sempre atónita quando as pessoas dizem: "se deixaram de comer carne, porque imitam?", como se tal não fosse válido, fosse criticável. Primeiro, porque a maioria gostava, e é agradável ter coisas que permitam de vez em quando preparar pratos semelhantes aos que comiam. Depois porque, tal como toda a gente, gostam de ter uma alimentação variada e saborosa.

 

Ainda fico mais atónita, quando estas questões vêm da boca de pessoas cuja vida se passa a transformar alimentos, e acham que numas situações isso é válido e noutras não. Que é válido beber leite, ou cozinhar com ele. Mas "leites" vegetais já não... (não precisava de lhe chamar "leites", bastava bebidas vegetais, é só para ressaltar a semelhança e me fazer entender). Que é aceitável  fazer milhares de coisas, mas coisas com o chickwheat já não o serão... 

 

Hoje li um artigo interessante em que o Hervé This dizia: "The definition of food is what you eat.". Concluíndo que não há comidas falsas ou erradas. Vivemos na época da "comida verdadeira", "comida pura", e mais umas designações assim, que na verdade não  têm qualquer significado.  Há tantas coisas que são comida, há tantas coisas que é bom comer, é tão interessante transformar sabores e texturas. É sobretudo interessante a criatividade que isso envolve. Quando se vão ultrapassar designações que não designam nada, ideias não fundamentadas, preconceitos sem nenhuma base? A vida de todos era mais simples e interessante. Depois... que cada pessoa coma o que gosta, o que a faz sentir bem, o que quer. Tem todo o direito a isso, sem juízos de valor sobre aquilo que come.

 

 

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