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07
Mai20

Continuando com a complexidade das batatas fritas...

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Nem tinha planeado comprar batatas fritas... mas aquelas cinco linhas escritas na embalagem fizeram-me mudar de ideias. Era o último dia de 2016, como é que podia entrar no novo ano sem batatas fritas com um brilho dourado, um toque de laranja e espumante? Mais do que isso, escolhidas uma a uma, produção local, cortadas à mão com casca, ou seja sem desperdício, mantendo todos os nutrientes, todo o produto, uma certa rusticidade e conforto associados ao luxo. Fatias bem finas, e fritas à mão em quantidades pequenas, nada de coisas industriais, alguém estava ali com uma frigideira cuidando delas uma a uma. Claro que não podia começar um novo ano sem elas! Abri-las foi uma desilusão...  tinha-as imaginado  com muitas partículas de ouro, mas não era o caso... o sabor? pois não sou muito fã de batatas aromatizadas... Mas nunca mais me esqueci delas. A experiência valeu por isso. Também pelo exotismo, é a influência cultural na escolha do que comemos. O gosto dos ingleses pelas batatas fritas com aromas, e sobretudo a enorme diversidade, as edições temáticas, sazonais, para todos os gostos e ocasiões sempre me deixam espantada. 

 

No início deste ano li um artigo sobre as batatas fritas com aromas, muito interessante. As batatas fritas com aroma têm cerca de 60 anos, as primeiras foram com queijo e cebola, as aromatizadas com vinagre surgiram  quase uma década depois. Depois foram surgindo cada vez mais sabores e mais invulgares.  Tantos são que há um inglês que colecionou mais de 8.000 pacotes de batatas fritas desde os anos 80.

 

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Segundo o artigo do The Guardian que referi:

No começo, diz a historiadora da alimentação Nadia Berenstein, especialistas do setor, pensavam em batatas fritas como batatas. Isso significava, explica ela, que os temperos iniciais imitavam os sabores que acompanhariam os pratos tradicionais de batata - sal e vinagre, queijo e cebola, e molho barbecue nos EUA. Embora os compostos químicos sintéticos para aromatização tenham sido desenvolvidos em meados do século 19, Berenstein diz que o setor explodiu após a Segunda Guerra Mundial com a invenção de um equipamento científico chamado cromatógrafo gasoso, ou GC.

 "O GC é uma ferramenta realmente poderosa para identificar os compostos voláteis que contribuem para os sabores", diz Berenstein. “Ser capaz de descobrir, isolar e identificar estes compostos antes da existência do GC levava muito tempo. Para estudar a química do sabor das maçãs, tinha que se começar literalmente com uma tonelada de maçãs e processá-las até obter um concentrado de alguns miligramas.” Pela primeira vez, a cromatografia em fase gasosa permitiu aos cientistas de alimentos entender rapidamente os compostos químicos responsáveis por sabores complexos, como o queijo.

 

E eu que nunca tinha associado o GC às batatas fritas com aromas... A relação entre a ciência e os alimentos abre de facto muitas perspetivas, muito há a explorar... 

 

Mas, voltando às batatas fritas, a diversidade e tipo de sabores foi variando, porque os consumidores também variaram, porque se tornaram mais aventureiros, porque o consumo de snacks aumentou porque as refeições são menos estruturadas e se tem que ser batata frita, pois que seja uma aventura e com estilo! Embora os sabores clássicos sejam os campeões de vendas que se mantêm ao longo do tempo, e outros vão e venham... Cada marca tem também o seu público alvo, por exemplo a Tyrrel´s, um produto mais caro, com consumidores com maior poder de compra e mais maduros, tem umas batatas com trufas entre os favoritos, mas as suas batatas com aroma a  bellini de framboesa foram um fracasso. Demasiado aventureiras para eles?

 

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E quem disse que batatas fritas de pacote são apenas batatas fritas de pacote, ou mesmo um produto menor? Há tanto conhecimento associado, não só ao desenvolvimento dos aromas, como os estudos de mercado, das preferências dos consumidores... Fascinante!

 

Já a parte final do artigo, quando a questão é se a diversidade de aromas tem tendência aumentar, pode ser um pouco perturbadora... Esperemos que não seja preciso chegar a este ponto.

“As mudanças climáticas mudarão a produção agrícola: as pessoas comerão menos carne, haverá disponibilidade finita de certos tipos de produtos ou pelo menos um custo mais alto para pagar”, diz ela. "Mas acho que, como o sabor é potente em quantidades muito pequenas, é uma das coisas que se poderá expandir". À medida que as nossas opções alimentares diminuem, argumenta Berenstein, os aromas artificiais podem tornar-se mais prevalentes para permitir incrementar as dietas limitadas.

"É mais fácil para mim imaginar uma mercearia distópica na mudança climática, cheia de batatas fritas perfeitamente incrementadas com proteína de grilo, em todos os sabores imagináveis, do que é para mim imaginar uma redução no número de oportunidades de sabores", diz ela.

 

 

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