A secreta Blue Box
Na sala onde decorreram este ano as apresentações do Congresso Nacional dos Cozinheiros havia, ao fundo, uma enorme caixa azul completamente fechada - a Blue Box. Era um mistério o que ali se passaria. A entrada era condicionada, e até confesso que estive para desistir (quando me disseram que tinha que ir pedir a entrada num outro espaço). Felizmente não desisti, pois tive oportunidade de participar numa experiência muito original, num modelo diferente dos habituais em eventos como aquele em que estava, o que fez com que fosse marcante.
A Blue Box foi uma proposta de Carlos Fernandes (Bela Vista Hotel, Portimão), um pasteleiro com um trabalho original, que sentindo a injustiça da falta de visibilidade e valorização do trabalho dos pasteleiros, decidiu representar essas situações por uma caixa fechada. Ao passar a porta, entrava-se numa experiência imersiva, num mundo mágico. O exterior de linhas retas e que não transmitia qualquer pista, dava lugar a um interior em que as paredes estavam completamente revestidas de microvegetais e flores.
Uma luz negra criava um ambiente em que inicialmente, até os olhos se habituarem, nos deixava um pouco desorientados, e permitia uma descoberta por fases (as fotos com flash que permitiram uma visão diferente, só as tirei no final, depois de viver a experiência completa). Os sons no interior, sons da natureza, de pássaros, de água... ajudavam a criar um ambiente de magia.
Sem qualquer pista do que se ia passar, começávamos a ver surgir alguns jovens que se apresentavam como pasteleiros e ali nos davam a conhecer o seu trabalho através da prova de algumas das suas criações, que nos pediam que descobríssemos no cenário ou que nos ofereciam. Eles eram: Diogo Lopes (Ritz Lisboa), Sara Soares (Penha Longa Resort, Sintra), Gabriel Campino (Tivoli Lisboa) e Filipe Martins (Kubidoce, Olhão).
Combinações de sabores e texturas originais, apresentações de doces tradicionais num contexto diferente... As opções eram diversas, em comum serem muito interessantes e despertarem uma atenção redobrada pelo ambiente em que eram apresentadas.
Uma excelente ideia! Cheia de simbolismo, e que espero que contribua não só para chamar a atenção para o trabalho dos pasteleiros, mas também para fazer pensar um pouco na necessidade de inovar nestes eventos para além dos modelos de apresentação comuns.