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Assins & Assados

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31
Ago23

Cozinha Tradicional Escocesa no Mharsanta - se o jantar tivesse sido a outra hora seria bem diferente...

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Eu bem queria um jantar de cozinha escocesa... mas isso exigiu alguns ajustes que de certa forma me "trocaram as voltas". A escolha tinha recaído no Mharsanta, um restaurante no centro de Glasgow que usa produtos escoceses, trabalha preferencialmente com produtores locais, e oferece pratos tradicionais, a par com outros mais criativos mas sempre baseados em produtos da região. Quando fui marcar só havia mesa para as 18h e 45m. Não tinha outra oportunidade de lá ir... lá teve que ser... Mas, por mais esforço que faça, não me consigo habituar a estes horários tão comuns por aqui. 

Claro que jantar a uma hora destas tem consequências, e uma delas é que não tinha fome nenhuma. Analisei o menu... bem gostava de comer uma entrada e um prato... ainda tive esperança que a doses fosem pequenas, mas ao olhar para as mesas ao lado vi que não eram tão pequenas assim. Não podia mesmo! Fiquei apenas pelo prato. Achei que a Chicken Balmoral seria uma escolha interessante, um prato tradicional em que o peito de frango é recheado com haggis e servido com um molho de whisky. 

O haggis é um produto tradicional escocês composto de fígado, coração e pulmões de ovelha picados, por vezes também um pouco de carne de ovelha ou vaca picadas, misturados com sebo de bovino e aveia e temperado com cebola e especiarias. Esta mistura tradicionalmente era colocada num estômago de uma ovelha e aí cozinhada, atualmente é muita vezes usada numa tripa de plástico. De certa forma lembra-me o maranhos, um prato que cresci a comer. Já tinha comido anteriormente haggis, mas gostava de comer de novo e isso foi uma das razões que me levou a escolher a Chicken Balmoral.

 

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Chicken Balmoral - haggis stuffed chicken breast wrapped in pancetta & served with dauphinoise, savoy cabbage, bacon and a creamy whisky sauce

 

É bom quando um prato excede as nossas expetativas, e isso aconteceu, apesar da pouca fome... Um prato rústico, mas com uma grande riqueza de sabores muito bem equilibrados. Para o acompanhar half pint de uma lager da Tennent's, uma conhecida cervejeira escocesa fundada em 1556, cuja produção é feita a menos de 1 km do restaurante.

Soube-me muito bem, mas não tinha havido mesmo espaço para a entrada e nem sequer para uma sobremesa. Se o jantar tivesse sido a uma hora normal, tudo teria sido diferente...

 

1ª foto DAQUI

 

 

26
Ago23

Scottish Full-Breakfast - a tradição ainda é o que era!

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Tendo estado uns dias em Glasgow de férias, achei que era uma boa oportunidade para comer um Scottish Breakfast. Tinha acabado de ler um livro sobre o British Breakfast e queria provar um pequeno almoço escocês tradicional, com tudo a que tinha direito. Em pesquisas que fiz sobre os melhores pequenos almoços, surgia-me sempre o café Singl-end - Merchant City. Foi lá que me dirigi num sábado, e a primeira pergunta que me fizeram foi se tinha marcado... não, não tinha! Só me conseguiam arranjar mesa daí a duas horas, já perto do meio dia. Não dava... marquei para o dia seguinte. No domingo, enquanto esperava à porta, vi muita gente ir embora pela mesma razão que eu tinha ido na véspera.

O que é tradicional, nem sempre o foi, e como é inevitável vai evoluindo. O Full Breakfast (ou, de forma mais informal, Fry-Up) começa a ser referido no Reino Unido apenas no final do século XIX. Segundo Felicity Cloake, no livro Red Sauce, Brown Sauce - A British Breakfast Odyssey, possivelmente está relacionado com a emergência de uma classe média substancial que passou a ter bastante tempo de lazer e disponibilidade para uns pequenos almoços cozinhados e copiosos. Nem todos tomariam pequenos almoços tão completos e com tanta escolha, muito menos diariamente, mas o fry-up chegou para ficar. Com as mudanças de hábitos depois da II Guerra Mundial, resultantes das mulheres começarem a trabalhar e da maior parte das pessoas não terem empregados, começou a ser consumido menos regularmente. Agora, para a generalidade das pessoas, o pequeno almoço são cereais ou uma torrada com manteiga e um doce de fruta. O full breakfast come-se ocasionalmente, em fins de semana. Por vezes até a outras horas que não pela manhã, é comum estar disponível o dia todo.

Os lugares que o oferecem são muitos e variados - restaurantes, cafés, pubs... Geralmente há uma versão maior, outra com o mesmos elementos mas em menor quantidade, e depois diversas variações com alguns dos elementos habituais. A composição não é rígida, mas o bacon está sempre presente, por vezes streaky bacon (o mais comum para nós, da barriga do porco) ou, mais frequentemente, back bacon (que inclui sobretudo o lombo e um pouco da barriga, e tem muito menos gordura), ovos estrelados, ou escalfados, e salsichas. Em geral tem tomates grelhados, cogumelos, baked beans, hash browns (fritos de batata e cebola raladas, um componente importado dos EUA), e pão torrado. A estes componentes básicos juntam-se regionalmente outros, ou alguns são substituídos: na Escócia black pudding (um enchido feito de sangue de porco e aveia), por vezes haggis (um enchido de vísceras de ovelha e aveia), e tattie scone (na realidade um tipo de panqueca espessa em que o ingrediente principal é puré de batata); também black pudding, white pudding (um outro enchido de aveia e gordura de porco ou vaca) e potato bread ou soda bread na Irlanda do Norte; e berbigões e uns fritos de algas em Gales.

Um full breakfast é pesado, normalmente não me atrairia muito, mas a verdade é que (muito) ocasionalmente gosto, e neste caso interessava-me também provar com as diferenças regionais.

Entrei no Singl-End e logo à esquerda havia um balcão com uma enorme variedade de bolos, mas eu estava ali para o pequeno almoço, desta vez não havia lugar para eles. Sala grande, com dois andares, e com pouca luz.

Havia várias opções para além do Scottish Breakfast, de que há também as versões vegetariana e vegana, mas eu estava ali para o tradicional. Perguntaram se queria Ketchup ou Brown Sauce. Normalmente não ponho nenhum, mas não foi o caso desta vez. A Felicity Cloake avaliou qual preferiam as pessoa com quem contactou durante a viagem para escrever o livro, havia uma grande divisão, e também aqueles que, como eu, não punham nenhum dos dois. Estando menos familiarizada com o Brown Sauce, pedi esse. Chegou numa tacinha pequena, provei, mas usei pouco. Para acompanhar, um sumo de laranja natural e um Breakfast Tea com umas gotas de leite. 

 

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Poached eggs, streaky bacon, Loch byre link sausage, Stornoway black pudding, potato scone, grilled tomato, smoky baked beans, toasted sourdough bread

 

Soube-me bem, mas o almoço nesse dia foi muito leve. Gostei do black pudding, menos do potato scone. Nos dias seguintes continuei a visitar a cidade que tem edifícios muito bonitos, museus interessantes, bons parques e um conjunto de street art que vale a pena ver, mas também aproveitei para provar o que é tradicional, e ainda novas propostas... 

 

1ª Foto DAQUI

 

 

05
Ago23

Mais nonsense numa manhã é difícil...

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Planeei este sábado, 5 de agosto, sair de manhã e ir a uma outra terra, aqui perto, tomar o pequeno almoço e comprar bom pão, manteiga e queijo. Planeava ainda dar um passeio pelo parque e sentar-me a ler. Planeava... quando acordei fui ver a previsão do tempo - máxima de 14ºC, chuva todo o dia. Desisti da ideia.

Mantive o plano do pequeno almoço fora, só que passou para o café da esquina, cujos donos são iranianos. Cheguei, um ambiente calmo, só uma mesa ocupada, junto à porta, com duas amigas bebendo café e pondo a conversa em dia. Entrei, sentei-me e pedi um pequeno almoço persa e um pistácio latte (primeira foto).

Até esse momento o nonsense resumia-se à temperatura máxima de 14ºC e chuvinha persistente no início de agosto, um verdadeiro dia de inverno. A partir da altura em que chegou o pequeno almoço, que experimentava pela primeira vez e era simpático, aconteceu uma enxurrada de situações de completo nonsense...

Entra um homem, pelos 70 e muitos, vem a puxar uma pequena mala de viagem, coberta com um saco de plástico, dos pretos para o lixo (compreensível com a chuva). Dá dois dedos de conversa com o dono do café. Não ouvi o que disseram, mas fiquei com a sensação de que era frequentador habitual. Depois, junto à mesa onde estavam as duas amigas a conversar, abre a mala e tira uma extensão que liga à ficha por detrás da mesa delas. Debruça-se sobre elas para passar o fio da extensão por detrás da mesa, junto à parede. Vai dizendo que não as quer incomodar, elas, simpáticas, dizem que não incomoda nada.

Vai depois buscar outra extensão, põe-se de cócoras quase encostado a uma delas para a ligar à primeira extensão. Sempre a dizer que não as quer incomodar, ela dizem que tudo bem. É mais que óbvio que as está a incomodar... Passa o fio da segunda extensão para fora, para a esplanada, que é coberta. Deixa de ser possível fechar bem a porta. Estão 12ºC lá fora e muito desagradável. Ele diz que não as quer incomodar, elas dizem que está tudo bem e que vão mudar de mesa. Mudam para outra mesa afastada da porta e da mala do homem.

Ele continua no corrupio de entrar e sair. Finalmente leva a mala lá para fora. Junta duas mesas da esplanada e cobre-as com umas toalhas de mesa pretas que tinha na mala. Tira o computador e uma coluna com uns 30x20x15 cm. Liga música bem alto e fica a fazer qualquer coisa no computador e falando com quem passa perto. Passados uns minutos vem cá dentro e pede a dois homens (que eventualmente conhecia) para irem lá para fora porque ele tinha que ir a casa e só demorava uns 20 minutos. As instruções eram que se alguém tocasse no computador que chamasem a dona do café. 

Entra então um rapaz com ar triste, senta-se, pede duas Coca-Colas, bebe-as em menos de cinco minutos e sai.  Entretanto tinham entrado mais 3 ou 4 pessoas, por incrível que pareça, com um comportamento normal...

Tento ler o livro Red Sauce Brown Sauce - A British Breakfast Odyssey da Felicity Cloake. Em que ela relata uma viagem na Grã Bretanha, de região em região, comentando a peculiaridades dos pequenos almoços tradicionais e visitando alguns produtores. O capítulo que ia começar era sobre Baked Beans, uma componente essencial do pequeno almoço tradicional para 71% dos britânicos. A ideia da autora era visitar a fábrica da Heinz no Reino Unido, mas por restrições devido à pandemia na época em que escreveu, não o pode fazer. Substituiu pelo Baked Beans Museum em Port Talbot (numa casa particular). Só visto...

 

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Acabei o capítulo, na esplanada a música continuava alta, o homem continuava de chapéu e casaco a fazer qualquer coisa no computador, continuava a chover ininterruptamente. Vim para casa, mas antes passei pelo café do outro lado da rua e comprei um pastel de nata para comer com um chá, enquanto, de casaco de malha e tapada com uma manta, escrevo isto.

Mais nonsense numa manhã é difícil...

 

2ª foto DAQUI

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