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Assins & Assados

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27
Set18

Closed! Mas tudo acabou em bem.

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O último mês foi de loucura, mudanças e mais mudanças, preparar um novo ano letivo, e teses e mais teses... Hoje não tinha teses para ver, e até senti um vazio... (o que vale é que estes vazios passam depressa, o pior é que breve não terei como escapar a mais umas)... Sentei-me para escrever.

 

No último mês escrevi apenas um post. Nunca aconteceu. Já tenho saudades. Já sinto necessidade de escrever.  Mas também aqui sinto um vazio... Várias coisas sobre as quais gostaria de escrever, para pensar nelas, para as registar. Mas nada me parece interessante.

 

Neste dilema lembrei-me de Melton Mowbray. Há umas semanas a minha filha mais velha tinha um compromisso, e sugeriu que eu e a minha filha mais nova também fossemos e ficássemos numa terra perto - Melton Mowbray. Nunca tinha ouvido falar, mas ela disse que eu era capaz de gostar, era apresentada como a "Rural Capital of Food" e era conhecida pela sua grande especialidade culinária a Melton Mowbray Pork Pie e, para além disso, era também um dos locais onde se produzia o queijo Stilton. Podia ser interessante...

 

Era domingo e chuviscava, começámos a caminhar e tudo tinha um letreiro a dizer Closed. Grande parte das ruas desertas... A loja das pork pies que tinha visto referida estava... Closed! 

 

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Tínhamos fome, tínhamos saído cedo e não tínhamos tomado o pequeno almoço, chuviscava... para dificultar mais o assunto tinha que ser um sítio onde houvessem opções vegan... As únicas coisas abertas era um Café Costa e um Nero. Apesar da fome e do desconforto resistimos. Tínhamos que ir procurar outra coisa. Umas portas abaixo havia um Lounge. Um franchising também... até há um ao pé da casa da minha filha que frequentamos às vezes. Mas na terra do Closed, e com a chuva mais insistente entrámos.  Estava quente, não chovia e o pequeno almoço até foi agradável.

 

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Mas tínhamos que estar naquela terra uma 6 horas... entre o Lounge, o Costa e o Nero havíamos de nos safar se fosse preciso. Depois do pequeno almoço resolvemos ir à igreja ali ao lado (era tudo ali ao lado, a terra não era grande).

 

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Uma coisa de que gosto muito nas igrejas em Inglaterra é serem muito abertas à comunidade, a outras atividades, às visitas. Há sempre alguém à entrada a dar as boas vindas, e com vontade de mostrar aspetos interessantes e que possam passar despercebidos. Uma senhora veio logo ter connosco. Falou dos vitrais, e de um em particular, mais recente, que tinha sido ali colocado há pouco mais de um ano. Uma pessoa, em testamento, tinha deixado uma quantidade significativa de dinheiro para a renovação da igreja e uma das coisas que tinha pedido é que fosse colocado um vitral numa janela que não o tinha. O vitral ali colocado tinha elementos característicos de Melton Mowbray e, entre eles, uma cesta de picnic com pork pie e queijo Stilton.

 

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A chuva tinha parado, havia um parque simpático. 

 

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Mas chegou a hora do almoço...  Tínhamos visto uma pequena esplanada ao pé da igreja, e fomos ver. O interior era simples e não era muito inspirador, mas era melhor que ir a uma das cadeias ali à volta. Pedimos o menu para ver. Tinha comida vegan e tinha pork pie. Ficámos!

 

Rapidamente percebi que tinham uns cafés especiais e faziam umas bebidas próprias. Aliás até se chamavam More Coffee Co.

 

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Mais aventureiros... era para para mim certamente, e passado poucos minutos um Cold brew coffe with fresh orange juice estava na minha mesa. Diferente, bom! Já tinha valido a pena, não é todos os dias que se experimenta uma coisa nova.

 

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Uns minutos depois chegava um Melton Plater (authentic Melton Mowbray Pork Pie wedge, Blue Stilton, crisps, malted bread, mixed leaves, pickle).

 

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 Enquanto comia vi sobre o balcão a informação sobre o café da semana.

 

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Ethiopian Yirgacheffe - expect really funky and floral flavour, a hint of Earl Grey and whisky. Dizia que fazia a unique flat white e foi assim que terminei a refeição.

 

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O dia estava ganho, tudo tinha acabado em bem, e a terra do Closed tinha-nos proporcionado experiências interessantes. Hoje, também eu estava Closed, e a terra do Closed acabou por me salvar.

 

 

PS

Descobri depois que nos supermercados onde ia habitualmente havia sempre pork pies de Melton Mowbray. Quem não sabe, é como quem não vê... 

 

08
Set18

Box E - um almoço fora da caixa

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Estava sentada há pouco tempo quando ela chegou. Sentou-se sozinha numa mesa perto da minha, no terraço do restaurante. Eu estava já entretida com o pão com manteiga batida quando lhe trouxeram o menu.

 

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Ela deu uma vista de olhos e pegou no telemóvel. O empregado chegou para tomar nota do pedido. Ela mostrou o telemóvel, era aquilo que queria. Não sei o que era, mas não havia, explicaram-lhe que o menu mudava regularmente, conforme o que estava disponível. Ela voltou a olhar para o menu e escolheu outra coisa. Não sei se gostou, mas as gaivotas ali por perto, às vezes voando muito baixo, assustavam-na. Não passavam tão perto de mim, mas as abelhas fizeram-me companhia todo o almoço.

 

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Antes de ir para Bristol, fiz uma busca sobre possíveis restaurantes a ir, o Box E pareceu-me interessante. Muitas opiniões positivas e uma boa crítica do Jay Rayner. Tinha gostado de a ler, não tanto devido ao que dizia sobre o restaurante, mas mais a introdução. Contava que nos anos 1990 começaram a chegar da China para os EUA enormes contentores cheios de mercadorias baratas. Era caro mandá-los de volta, e eram desmantelados. Mas o preço do aço subiu, e deixou de ser viável fazê-lo, passaram a ser enviados de volta. Mas contentores vazios ficam instáveis, iam cheios de  jornais. Mais tarde, com a expansão económica da China, e com ela a da classe média, o consumo de carne aumentou muito. Eram necessários cereais para alimentar o gado, os contentores passaram a ir cheios e cereais. Esta troca, que alimentou a globalização do século XXI, tornou os contentores num ícone desta época mercantil. O sistema modular, fácil de manusear e robusto fez com que surgisse a idéia de os transformar em edifícios, bastavam pequenos ajustes. E, como diz Jay Rayner, "É assim que o impulsionador da forma mais radical e pesada do comércio global de massas, também se torna o impulsionador de negócios independentes em pequena escala".  Foi o que aconteceu em Bristol, onde na zona portuária foi construído um conjunto de edifícios com contentores onde estão localizados uma série de negócios independentes.

 

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Normalmente a comida oferecida em restaurantes nestes espaços, em que as condições são reduzidas, não se destaca particularmente pela qualidade. No caso do Box E, onde estávamos, a situação é diferente, apesar de um espaço reduzido e condições muito básicas, o chefe Elliott Lidstone pretende oferecer uma cozinha de qualidade.

 

O restaurante é simples, apenas com o básico e  cerca de 12 lugares sentados no interior, com um espaço minúsculo para a cozinha. 

 

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Quando o tempo o permite, há uma esplanada exterior, e foi lá que almocei. De uma ementa com quatro entradas, três pratos (um de carne, um de peixe e um vegetariano) e duas sobremesas, escolhi:

 

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Heritage beetrot, goats' curd and summer truffle

 

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Breast of duck, spelt and rainbow chard

 

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Vanilla pannacotta, strawberries and candied almonds

 

Os dois pratos muito bons, que acompanhei com um Maturano 2015, um vinho laranja. A sobremesa agradável, mas longe de estar ao nível do resto (como é habitual). 

 

Foi uma óptima refeição, tentei voltar para jantar dois dias depois. Subi a escada e a esplanada estava vazia. Pensei "Como pode não ter ninguém?". Mas dentro o restaurante estava cheio... Perguntei se podia comer na esplanada, disseram-me que o chefe não tinha capacidade para servir mais pessoas. Pena! Mas compreendi, naquela "cozinha corredorzinho" era difícil certamente fazer mais e manter a qualidade!

 

 1ª e 6ª Fotos DAQUI

 

 

 

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