Um Almoço no Antiqvvm
Há dias estive umas horas no Porto. Fui participar no debate organizado pela Ordem dos Nutricionistas no âmbito das comemorações do Dia da Gastronomia Sustentável. Achei que tendo-me levantado num domingo pelas 5 e meia, e viajado para o Porto para participar num debate durante a manhã, mais do que merecia um bom almoço antes de regressar.
Não conhecia o trabalho do Chef Vitor Matos. Mas já o tinha visto em várias sessões de show-cooking e gostava do entusiasmo e paixão que transmitia. Assim, decidi que o Antiqvvm era um bom local para almoçar. Foi decidido em cima da hora, nem sequer marquei, limitei-me a aparecer, já um pouco tarde, mas felizmente havia mesa. Pedi à carta, uma entrada, um prato e uma sobremesa. Mas com os amuse-bouche e a pré sobremesa, o menu foi bem mais longo.
Pouco depois de me ter sentado chegou o pão, ou melhor os pães pois chegaram cinco variedades, com manteiga das Marinhas e azeite, e logo de seguida trouxeram um conjunto de pequenos snacks.
Este era composto por:
Cavala, aioli e sucos de pimentos assados
Baguete de toro de atum com escabeche
Tártaro de camarão com abacate, chilli e coentros e crocante de tinta de choco
Romeu e Julieta - Gelado de queijo Serra da Estrela e marmelada
A que seguiu
Um conjunto interessante e diversificado de snacks, com sabores bem definidos. Gostei particularmente do último, mais complexo que os anteriores. Chegou então a entrada que tinha pedido:
Xerém de amêijoas - Molho de Alvarinho e açafroa dos Açores - Camarão
Robalo escalfado num caldo com algas, num bom ponto de cozedura. O molho de Alvarinho e açafroa sob a forma de espuma e um xerém de ameijoas e camarão, algas e salicórnia. Um bom prato, mas para o meu gosto de sabores demasiado suaves, acho que ganharia se estes não fossem tão discretos e tivessem um pouco mais de personalidade.
Antes da sobremesa, trouxeram uma pré-sobremesa muito agradável. Um gelado de citrinos, um cremoso de cenoura e gomos de laranja e limão passados por uma calda de açúcar. Fresca, leve, não muito doce, com a acidez dos citrinos.
Finalmente chegou a sobremesa. Escolhi uma em que um dos ingredientes era ruibarbo, pois não me lembro de alguma vez ter visto uma sobremesa com ruibarbo num restaurante em Portugal.
Framboesa & Ruibarbo
Gelado de lima kaffir - Gel de lichias - Coco em texturas - Sabugueiro
Muito bonita, também fresca e pouco doce. Pedaços de ruibarbo, a framboesa fresca, mas também sob a forma de gel, assim como o sabugueiro, as lichias e uma das texturas do coco. Coco que ainda vinha na forma de marshmallow e ralado. Tudo complementado com um gelado de lima kaffir.
Finalmente trouxeram uma caixa com uma enorme variedade de petit-fours dos quais escolhi três - goma de morango com um "papel" comestível, um macarron de mirtilo e um bombom de chocolate preto e café.
As pequenas jóias do Chef
Um bom almoço, de acordo com o que seria de esperar num restaurante com uma estrela Michelin. A exuberância e a paixão transmitidas pelo chef Vitor Matos tinham-me criado algumas expectativas. Confesso que o prato de robalo, embora muito bom, ficou abaixo delas. Esperava algo com mais personalidade.
Um serviço simpático, mas que precisa ainda de alguma afinação. O reparo principal tem a ver com a temperatura na sala. Era um dia de muito, muito calor e o ar condicionado não estava ligado. A temperatura dentro da sala era demasiado elevada, tive inclusivamente que tirar o leque da carteira. Queixei-me três vezes do calor, as duas primeiras não deram origem a qualquer reação, a não ser constatarem que de facto estava calor. Na terceira vez que referi, a outra pessoa, foi-me de imediato perguntado que se queria que ligassem o ar condicionado. Depois disso melhorou, mas eu já estava na sobremesa... São detalhes que podem estragar uma refeição e que têm que ser mais cuidados.
Antiqvvm
R. de Entre-Quintas 220, Porto