Akla - um banquete digno de Sherazade
Este Mini Ravioli de Coentros com Consommé de Amêijoa era lindo, e o que víamos correspondeu ao sabor. Foi um dos pratos que comi num excelente e divertido jantar no restaurante Akla (que significa "comer" em árabe), o restaurante do Hotel Intercontinental que reabriu renovado há cerca de dois meses. Quando recebi o convite para ir conhecer o novo menu do restaurante tinha muito pouca informação sobre ele e, apesar de já ter ouvido falar do Chef Eddy Melo, não conhecia a sua cozinha. Foi muito bom descobri-la e sobretudo descobri-la de uma forma bem original.
Começámos com um cocktail no bar do hotel, o Uptown, com base no gin G'Vine, um gin francês bastante floral e ainda com manjericão, gengibre e pêra caramelizada. Em seguida passámos ao restaurante com uma nova decoração muito inspirada nos azulejos portugueses e com muita madeira, que o transformou num espaço muito acolhedor.
A refeição começou com um primeiro momento de comida para partilhar em que os três pratos servidos foram acompanhados por Arinto dos Açores, 2013 de António Maçanita. Dois dos três pratos neste primeiro momento também continham referências aos Açores, o que faz sentido já que o Chef Eddy Melo aí nasceu, apesar de ter vivido muito tempo no Canadá.
Food to Share
Ceviche de atum de São Miguel com molho tigre, abacate e agulhas do mar (sea nibbles)
Carpaccio de encharéu dos Açores com perfume de ananás, agulhas do mar e côco
Sonho de bacalhau com molho tártaro
Os três muito bons, mas tenho que destacar os sonhos de bacalhau, surpreendentes pela sua leveza. Um exterior seco e crocante, um interior muito leve e saboroso.
Entre o Campo e o Mar
Este segundo momento, servido com Casal de Coelheira Rosé 2015, Tejo, Syrah-Touriga Nacional, começou com o ravioli que referi no início e continuou com um excelente risotto.
Risotto de grelos, camarão e burrata DOP
Íamos passar aos pratos principais e trouxeram-nos um cocktail limpa palato de assinatura Uptown.
Sorvete de tangerina, manjericão e rum branco Plantation
De seguida deram-nos um avental e pediram que o colocássemos e fossemos para a cozinha. íamos entrar no momento seguinte do jantar.
Junto ao Josper
Selecção de carnes maturadas
Foi sobre uma mesa da cozinha, e equipados a preceito, que tivemos ocasião de comer uma variedade de carnes de diferentes proveniências e com diferentes tempos de maturação. Para as acompanhar, molhos béarnaise, de tomate e chimichurri e ainda chips de batata doce com mel e vinagrete, curgete panada e espinafres. O vinho era o 2 Tintos, 2009, Alentejo, Petit Verdot - Alicante Bouschet.
Entrecôte de novilho maronês, maturado 25 dias
Lombo de novilho maronês, da mesma peça anterior, maturado 25 dias
Entrecôte (carne originária de Espanha), maturado 30 dias
Chuleton de boi (carne originária de Espanha), maturado 60 dias
Todas carnes com características de textura e sabor bem diferentes, que pudemos avaliar, comparar e discutir. Foi particularmente interessante porque alguns dos cozinheiros também provaram e participaram. Dado ser na cozinha, num ambiente diferente, comido em pé, foi um momento muito descontraído. Para terminar um óptimo Carré de borrego da Nova Zelândia.
Foi uma experiência muito rica e formativa, do ponto de vista gastronómico, mas também por nos ter dado a possibilidade de comparar e avaliar as características das diferentes peças e de conhecer as potencialidades do Josper.
Continuámos pela cozinha, mas pela zona da pastelaria. Quando chegámos, já empratado e como uma introdução à sobremesa, estava um Biscuit de Pistacio e Alperce.
Enquanto o saboreávamos tivemos oportunidade de, à volta da mesa de mármore, ver a chef de pastelaria Rita Lopes empratar a sobremesa - Neblina da Floresta - inspirada no bolo Floresta Negra e composta por uma ganache flexível de chocolate negro e kirsch, um sorvete de morango, mousse de kirsch, gel de framboesa, rocha de chocolate, ginjas em kirsch e crumble de chocolate, aromatizado com um fumo de eucalipto.
Com muita pena, já quase não deu para experimentar as mignardises servidas com o chá e o café.
Uma excelente refeição. Todos os pratos fazem parte da carta actual do Akla, excepto o ravioli de coentros com consommé de amêijoa. Mas foi muito bom ter tido a oportunidade de os provar neste menu e sobretudo da experiência e convívio na cozinha e na pastelaria. São momentos muito enriquecedores.
O Akla, além do serviço à carta, tem ainda um menu executivo à hora de almoço, composto de um prato, sobremesa, café e uma bebida (14,50 euros). Uma vez por semana tem um menu vegan também à hora de almoço.
Akla - Hotel Intercontinental, Rua Castilho 149, Lisboa.