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18
Out16

Coelhos, mosteiros franceses e o meu jantar de ontem

 

coelho.jpg

 

rosa.jpg

 

No domingo abri a televisão e estava a começar um programa sobre o processo de domesticação dos coelhos. Comecei a ver apenas porque a televisão estava ligada, mas passado pouco tempo estava bem interessada. Segundo ouvi, há evidência dos primeiros coelhos selvagens existirem na Península Ibérica e sul de França, mas a domesticação ocorreu em mosteiros do sul de França. Há cerca de 1400 anos a Igreja Católica decretou que os coelhos jovens não podiam ser considerados carne, mas sim peixe. Tal significava que podiam ser comidos durante a Quaresma, daí o interesse em os criar nos mosteiros.

 

Por associação de ideias lembrei-me de umas férias, há mais de 30 anos, em França em casa de um músico americano que conheci, a ele e à família, quando veio a Portugal dar uns concertos. Viviam numa abadia do século XIII no sul de França, perto de Toulon. No Verão seguinte fomos passar uns dias a casa deles. Não havia telefone, nem luz, nem (e isto era o pior, quando me apercebi achei que ia embora no dia seguinte... mas fiquei duas semanas) casa de banho. Havia muita gente lá por casa, em geral gente ligada ao mundo do espectáculo (músicos, uma bailarina, um mimo, um realizador de cinema...), quartos havia poucos por isso, como era Verão, dormia-se na rua. A nós calhou a casa do guarda da abadia, não tinha portas nem janelas, mas tinha paredes e telhado, um luxo! 

 

O jantar era sempre fantástico, à luz das velas e muito animado, com muita gente (os que por lá estavam e os que vinham visitar)... Havia uma caixa onde se punha X por dia para comprar a comida, os que vinham jantar punham também uma contribuição. Todos os dias havia um voluntário para cozinhar o jantar. Não havia frigorífico... era Verão, estava calor... e todos os dias quem fazia o jantar ia às compras. Não me lembro do que cozinhei quando me calhou a vez, lembro-me pouco do que comi. Na minha memória ficaram o dono da casa a fazer tortilhas para uma refeição de tacos, e um coelho cozinhado por uma bailarina francesa, cujo nome já não lembro mais.  Não sei também porque é que este prato me ficou na memória, mas já o tentei reproduzir algumas vezes nos 30 anos que entretanto passaram.

 

Ao ver o programa de hoje sobre coelhos e mosteiros, lembrei-me do Lapin au Moutarde que comi nessas férias. Não descansei enquanto não procurei uma receita que me parecesse idêntica ao que comi (lembro-me que levava muita mostarda de Dijon e natas e era feito no forno). Ontem fui comprar um coelho e pus mãos à obra:

 

coelho1.jpg

coelho 2.jpg

 

Não sei se era igual, mas soube-me bem!

 

 

1ª Foto DAQUI

2 comentários

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    Paulina Mata 22.10.2016

    Sim, claro! Aqui vai:

    Ponha num prato de ir ao forno um coelho cortado em pedaços.

    Numa tigela misture:
    2 colheres de sopa bem cheias de mostarda de Dijon
    200 ml de vinho branco seco,
    2 colheres de sopa de óleo
    1 cebola picada
    sal e pimenta

    Deite a mistura sobre o coelho. Ponha ainda no tabuleiro 1 folha de louro e 1 ou 2 pés de tomilho.

    Leve ao forno pré-aquecido a 185ºC por cerca de 1 hora. De vez em quando vire os pedaços de coelho. Cerca de 10 minutos antes de terminar junte 150 ml de natas.

    No final tirei o pedaços de coelho, a folha de louro e os pés de tomilho, com a varinha mágica bati o molho e as cebolas e passei por um passador, levei ao lume para espessar um pouco, retifiquei os temperos (sal, pimenta e mostarda) e juntei o resto do pacote de natas.

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