Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Assins & Assados

Assins & Assados

28
Fev18

Preços dos Restaurantes - um assunto que dá que pensar...

 

pagrest.jpg

  

verde escuro.jpg

 

Já aqui disse em vários posts (por exemplo nesteneste e neste) que acho o preços da generalidade dos restaurantes aqui em Inglaterra mais razoáveis do que aí. Nos exemplos que dei, falei de restaurantes a que se pode ir todos os dias, mas mesmo noutros de uma gama de preços mais alta, perdemos frequentemente na comparação.

 

Há dias uma amiga (que suspeito que não acreditava muito no que eu dizia) disse-me que tinha estado com uma turista inglesa, em Lisboa, que lhe disse o mesmo que eu. Referindo que o almoço que teve numa taberna por 12€, ficava aquém do que ela tinha em Inglaterra por um valor equivalente. Não tenho dúvidas!

 

Há dias estava a conversar com a minha filha, que gosta de ir comer a restaurantes, e disse-lhe isto. Ela disse-me que nota que quando come em Londres os preços são superiores ao que acontece aqui, mais a norte, para refeições equivalentes, mas que onde nota uma grande diferença é quando vai a Lisboa, aí os preços são ainda mais altos.

 

Por vezes fico completamente em choque com os preços apresentados para algumas refeições, só me pergunto "Quem pode pagar?" ou, mais frequentemente, "Perderam o juízo?"

 

Hoje fui espreitar o blog Diario del Gourmet de Provincias y del Perro Gastrónomo, e li o post Una Alta Cocina Cada Vez Más Lejana em que o tema eram precisamente os elevados preços, com aumentos frequentes, na alta cozinha. J Guitián diz que se em algumas situações, de restaurantes excepcionais, isso se justifica, não será o caso de várias centenas de locais nos vários países. Refere ainda que o aumento de preços chega por vezes a ser ainda maior nos festivais gastronómicos, em que atinge preços exorbitantes.

 

Conclui que a distância entre alta gastronomia e o público médio cresce cada vez mais, e que são os próprios restaurantes que se estão a afastar. Que apesar da restauração ser um negócio, tudo isto terá consequências na relação com o público e deste com a gastronomia como bem comum de uma sociedade e de uma cultura e um meio de desenvolvimento social. Dizendo mesmo que esta tendência o preocupa.

 

É um assunto em que também tenho pensado muito. Já não tenho o entusiasmo que tinha há uns anos em conhecer novos trabalhos e novos projetos, e os elevadíssimos preços são uma das várias razões. Seguramente que o preços, e não só, terão consequências importantes. O tempo mostrará para onde estamos a caminhar...

 

 

Foto DAQUI

 

3 comentários

  • Sem imagem de perfil

    Adriano 02.03.2018

    Vá lá pessoal, vamos lá acabar com essa conversa das “grandes margens de lucros” porque é precisamente dos negócios com mais pequenas margens de lucro. Não se trata de comprar sapatos e vender sapatos, ou comprar perfumes e vender perfumes. Adequirir matéria prima que apodrece ao segundo, transformá-la com bastante trabalho humano... não é como as revistas e jornais porque esses devolvem o que não vendem.
    Fico por aqui porque acho que vcs tão todos a brincar e que isso é bom e temos todos o direito de brincar.
    Mas se persistir o equívoco, se a brincadeira se tornar séria, eu posso tentar um post mais argumentativo para a malta que não conhece os meandros do negócio.

    Vá lá, então e cabeleireiros? Ó pá esses dois negocios da China! Se calhar podemos brincar aos negócios que dão dinheiro :)
  • Sem imagem de perfil

    Carlos Alexandre 02.03.2018

    Adriano, respeito a profissão de cada um e o seu direito a uma vida digna.

    Mas tenho em memória o que escreveu há umas semanas no Mesa Marcada:

    "O que está a mudar é a sociedade. Existe uma nova geração de cozinheiros e cozinheiras que andou na escola com os juizes e os ciganos. Gente que por exemplo gosta de ir de férias com a família, que não casou com o proprietário da tasca e nem por isso quer ver o filho ou a filha ser médico à força.
    Será um cartel? um sindicato? Que obriga ao fecho dessas casas? Ou a falta de ignorantes, semi escravos das 7:00 às 23:30 com vontade de alimentar pançudos?"

    A última palavra chocou-me. Em primeiro porque, à custa de muito cuidado, não sou pançudo. Em segundo, porque revela uma visão distorcida de quem é cliente e traz o dinheiro para a faturação.

    Depois, este desabafo manifesta um complexo relativamente a quem ocupa tradicionais profissões de estatuto social mais reconhecido, aliado a uma ironia sobre costumes idos. Há necessidade de entrar por esse caminho? Será preciso recorrer a essa imagem para valorizar a vossa profissão? Todos têm o seu lugar e só a competência vale aos olhos de quem avalia. Mais vale um bom cozinheiro que um mau juiz e reciprocamente.

    Fora este deslize (quem não?), tem todo o direito em indignar-se. Mas asseguro-lhe, de boa fé, que não entendo para onde vai o dinheiro que é pago pelo consumidor. Se não vai para o lucro, irá para os empregados? Não creio, pelo que conheço de salários na área. Limito-me a ter uma visão de que tem está fora do negócio. E o que passa cá para fora é isso. Terá aqui uma oportunidade de explicar para onde vai o dinheiro, porque se não vai para lucro ou salários...

    Talvez se tenha processado uma sublimação. Ou seja, passou-se da fase especulativa, diretamente para a fase de crise que descrevi no comentário anterior, com as razões também apontadas?

  • Comentar:

    Mais

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

    Mais sobre mim

    Seguir

    Subscrever por e-mail

    A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

    Pesquisar

    Comentários recentes